Sentada aqui, na casa dos meus pais, poderia escrever uma série de coisas, inclusive uma carta de amor pra você.
Nela falaria de todos seus defeitos, suas virtudes. Falaria dos seus erros e dos meus também. Comentaria meus defeitos e também minhas virtudes. Escancararia nossa falta de noção em planejar tudo em tão pouco tempo.
A questão é que ela seria muito longo e um post aqui seria pequeno demais pra dizer todas essas coisas. Porque depois emendaria em: como fomos ficar tão longe, e o porque disso tudo. Como perdemos o contato, o sorriso, a cumplicidade. Chegaria a um ponto em que a carta seria insustentável por si só: daria voltas e não resolveria nosso problema, que é não conseguirmos ficarmos juntos. Enumerar o quanto daríamos certo, o quanto podemos ser felizes e o quanto te amo, seria insignificante, sem sentido e desconexo. Talvez porque estamos vivendo realidades que estão na nossa cabeça, que esta distância parece de uma crueldade que não somos nem capazes de trocar um simples oi, de dar um abraço forte, um afago amigo, um colo.
Por mais que precise desabafar, de um sorriso seu; por mais que eu queira mais que tudo nesse mundo saber como você anda, não posso fazer isso. A princípio você optou por uma vida que não me inclui e tenho que me acostumar, mesmo que por um tempo, com uma vida que não te inclui. Essa é a dor. Ter uma vida que não tem você, apesar de te amar incondicionalmente. In-con-di-cio-nal-men-te. E é essa dor, a solidão, o sorriso falso e a contenção de um gesto que me entristece: é saber que você não está bem e não poder te dar meu abraço, um carinho, um colo. É saber que tenho como ajudar, mas eu não posso fazer - porque você me quis pra fora da sua vida. E conter uma ajuda é muito difícil pra mim. A minha tarefa nos últimos anos tem sido de dar apoio às pessoas, ajudá-las, confortá-las e agora, não poder fazer isso por você, tem me custado muitas lágrimas, que choro todos os dias por não ter notícias suas, por não saber se vai voltar, por não saber que estou te esperando. É isso que dói, não poder ao menos te ver de longe, te dar um sorriso, estender a mão. Ter que deixar você no seu cantinho, quietinho, esperando tudo isso passar. Me dói não compartilhar dos seus momentos, de tristeza, de alegria, de solidão. Me dói não poder te chamar pro cinema, nem pra uma exposição ou um curso que sei que tem vontade de fazer. Me dói estar sozinha.
são pensamentos soltos,
traduzidos em palavras.
pra que você possa entender,
o que também não entendo.
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