domingo, 25 de julho de 2010

Andava de um lado pro outro olhando para o teto, vendo as pás do ventilador girarem sem cansaço e sempre ritmadas. Seus passos não tinham a mesma sequencia, se quer passavam pelo mesmo corredor nos vai-e-vens da caminhada. Olhando pro teto, voltava pro chão, parava e dava um trago no cigarro. Não sabia por quanto tempo fazia aquele movimento, não sabia calcular a falta de vontade em continuar a fazer outra coisa se não continuar na linha imaginária que desenhou para si própria pisar e caminhar loucamente. Assim passaram-se dez, quinze, trinta minutos. Voltou e sentou pro no seu luga ao lado do telefone, que não tocava. Levantou cinco segundos depois e se debruçou à janela: a olhar a rua, os carros, as pessoas. Virava sua cabeça pro alto e via os fios do poste, os pássaros e a sobreloja no mesmo nível à frente. Não sabia como contornar aquela situação. Pensava e pensava cada dia mais e não sabia como sentir algo diferente daquilo, aquela falta de vontade, talvez indiferença, fosse a melhor palavra. Talvez fosse daquele jeito, o certo em sentir as coisas, talvez o desespero de outrora não fosse saudável e essa calma e vagareza era o que faltava na sua vida de tantas preocupações. Talvez precisasse mesmo de muito carinho, como ninguém havia ousado falar ou tentar.

sábado, 24 de julho de 2010

Crença

Eu só penso em você
Depois que eu penso em mim
E eu penso tanto em nós dois
Sei que é de cada um
E acho até comum
Pensar assim de nós dois

Vai que a gente pensa igual
E acho isso normal
O igual da diferença
Cada um, todo ser
Tem sua crença

Eu só penso em você
Depois eu penso em mim
E eu me confundo em nós dois
Sei quando viramos um
E aparece um
Que se mistura em nos dois

Vem não há o que pensar
Melhor achar normal
Viver a diferença
Pensa não, deixa assim,
Que a vida pensa

Tanto por viver, tento não jogar
Pra baixo do tapete essa poeira.
Tonto de você tento não pensar besteira.

Tanto por você, para o nosso bem
Às vezes fica um com e o outro sem
Seja como for somos nós e mais ninguém

O que eu quero de você
E você quer de mim
Nós decidimos depois
Eu só penso em você
E tenho aqui pra mim
Que você pensa em nós dois

terça-feira, 13 de julho de 2010

Se não fossem tantas as incertezas, as inseguranças.
Se ainda desse pra ser maduro e ser convincente.
Se não fosse a sinceridade toda.
E ainda toda a cumplicidade.
Se não fossem as histórias.
As amarguras amorosas.
As dúvidas da vida.

Poderia ser diferente qualquer coisa.
As escolhas podiam ser pra outro rumo.
O destino podia reservar um futuro mais acalentador.

Mas não foi assim.
E não pra voltar e fazer diferente.
Fica difícil desmentir tantas verdades.
Tantas coisas se passaram.
E tantas foram as palavras ditas, batidas e repetidas.

Foram idas, vindas.
Um pé atrás, uma vontade de ir e não voltar.
De voltar e não ir mais.

Se passaram tantas coisas.
Que a dúvida acabou por ser uma decisão.

O que é a dúvida se não uma decisão?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Entendeu enfim o porque de tanta ausência, de tanta tristeza e desânimo. Entendeu que aquilo era uma criação sua, e como toda cria, fica difícil de matar. É difícil de enfiar uma faca no seu peito e dizer que isso é uma responsabilidade sua, que desde o nascimento, teria que acabar também, tinha que matar aquilo que tanto lhe fazia mal.
Era aquela fantasia que lhe tirava da realidade, e fora da realidade não se via mais nada, perdia oportunidades, perdia a noção de tudo.
E que tudo o que chegava de novo parecia sem graça, comum, como se tivesse que superar algo que não existe. Teria que matar a fantasia, ver e viver a realidade, que não dói, é de verdade que está sendo feliz.
A superação da fantasia nunca vai existir com outra fantasia. Outra criação está proibida na sua vida. Tem que viver o hoje e o agora. E isso é ser feliz.
Se bem que é fácil pensar que a criação, na fantasia, é mais fácil de viver, afinal, pode-se moldar, mudar, fazer o que quiser com ela, que será como a felicidade ideal.
Chega de viver de idealismos, ela pensa todos os dias. Chega de alimentar sua cria, que te suga e te tira de tudo que é verdade, que te faz sofrer sem querer entender que não pode.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

t r a n q u i l i d a d e

sábado, 3 de julho de 2010

Todo amor que houver nessa vida

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria