quarta-feira, 31 de março de 2010

Ti

hoje revi dois amigos muito especiais. que depois de tanto tempo não conversava.
Mas é sobre um deles em especial que quero dedicar este post.
Um garoto maravilhoso, que como qualquer pessoa tem seus defeitos que me impoossibilatam de ter um afeto a mais. a mais que já tive.
hoje te vi com outros olhos, de uma maneira diferente. desmistifiquei a ligia bonitinha que você conheceu. bebi na sua frente, sem me medir, sem contar os trocados.
você chegando meio tímido, sem o que fazer com as mãos, sem onde enfiar a cara. sabia que queria uma braço feminino. te dei.
você sorriu. um sorriso sincero, de quem tava cansado do trabalho e da faculdade, mas que se esforçava em me ver ali: desarmada, triste, melancólica.
superamos bem a noite. falamos sem parar, olhamos os cachorrro - todos -  que passaram pela calçada, dei até um cafuné em um. perguntei da sua e você me contou, bem feliz das traquinagens da pequena.
falamos bobagens, de tudo. gostei, me senti em casa de novo.
pela primeira vez em tantos meses não chorei. de tão contente, não senti vontade de chorar, mas um orgulho imenso de poder olhar nos teus olhos, poder dividir contigo este momento tão difícil.
não tive vontade de te abraçar, ou de te beijar, apenas de te olhar nos olhos e contar o que se passou em seis meses distantes. e mostrar que eu falho, tenho erros, e que não sou perfeita, nem pra você.
fiquei satisfeita que você foi, de você contar do seu trabalho, da sua faculdade, falar com a sua mãe na minha frente. te ver saudável, comendo uma maçã em meio à cevada gelada da mesa.
quero te ver mais vezes. te ver bem, contente, contando as coisas, rindo.
um riso sincero, cansado, apanhado da vida, desiludido, mas que mostra você. te define.

obrigada por fazer dessa noite um dia especial.
obrigada, pela primeira vez, participar de um dia que não chorei.

obrigada por existir na minha vida.

terça-feira, 30 de março de 2010

Caminhando

escrevo não sei pra quem. hoje não tenho mais nada objetivo a fazer, e se existia alguma razão pra viver, era você. mas que você? aquele que eu conheci há tempos atrás, não, ninguém imagina que é esse que me ignora. se eu contasse pra alguém, ninguém acreditaria. eu mesma tô pasma.não consigo acreditar nisso tudo. como é possível uma pessoa ser assim.
não sei pra quem escrevo. se eu queria que você lesse, hoje não sei nem quem é você. cade aquele que lia, ria, me contava tudo? cade aquele que se esforçou, fez o que fez, exigiu, pediu e de repente não está mais ali. não sei qual dos dois está em mim. se aquele que tenho raiva, uma raiva pra encobrir a tristeza, ou o amável, que me deu um colo quando eu mais precisei. como um pode ser os dois? como pode ser tão impossível, tão intocável, tão absurdo tudo.
escrevo agora pra aliviar e tentar traçar uma coerência, uma lógica pra eu me desvencilhar disso tudo. mas ainda acho um absurdo como você, sim, você pode me fazer tão mal. me fazer sofrer tanto. quem eu queria passar os restos dos meus dias. quero. não sei. tá vendo, não sei de mais nada, porque não sei quem é você, não sei onde está, como está, não sei o porquê de se fazer triste, se fechar e me deixar triste, como se eu tivesse que pagar pela sua falta de direção. mas eu não tenho.NÃO TENHO. queria te acompanhar, me esforçei, nas musicas, nas exposições, no dia-a-dia, na família, na faculdade. e levei um chute. e sem cometer um deslize, sem errar, sem falar nada, eu sou a pessoa errada. Legal: a pessoa errada que só acerta. interessante. e como posso ser assim, acertar tanto e ser errada. e onde posso achar um erro e ser a certa, então? como posso fazer isso?
não sei, tá tudo muito estranho, muito confuso. existe um laço que me liga a você ainda. a vontade de falar das coisas que só você entenderia e te ouvir falar da literatura de uma maneira mágica e bonita, cativante.
sem responsabilidade nenhuma, me largou na sargeta, com um saquinho de felicidade na calçada. e eu guardo-o comigo, como se não fosse justo deixar um qualquer levar. todas aquelas preciosidades não podem ir pra qualquer um, são suas, minhas, nossas. vai ficar pra sempre guardadinho, até eu encontrar uma explicação pra tanto sofrer, pro meu e pro seu.
e assim vou escrevendo, vivendo. não sei pra que, nem pra onde, mas indo.

segunda-feira, 29 de março de 2010

tenho a mesma sensação de uns meses atrás. de conversar infinitamente, sem pestanejar sobre meus dias. como não gostava de ficar no computador, e passava dias com a internet desligada, e como isso mudou, até que ontem não consegui ficar mais de uma hora longe do micro.
não posso dizer que está tudo claro, que não há confusão. e acho que nem mesmo pra você as coisas estão assim, consumidas.

vai ter uma festinha em casa. e ela está do mesmo jeitinho que você viu, há dez dias atrás. com a comida que você gosta na geladeira, com o suco que você quer no armário. esperando sua volta. será uma pena que quando voltar não estarei mais ali: vou mudar, me mudar. fisicamente. de lugar.

meu amigo me ligou, se preocupando comigo, oferecendo o ombro. não sei como aceitar. eu, com toda minha coragem, debruçar no seu ombro e lamentar o meu fracasso vai ser difícil. mas necessário.
voces me conhecem e sabem como não estou em condições de recusar alguma coisa.

esse texto mesmo está confuso. se eu parasse ia ter um vaievem de curvas: subindo e descendo, um gráfico da minha vida ultimamente.

engraçado como quem pode me cuidar sabe que pode e sabe como, mas me faz sofrer (talvez por isso).

Espero. Sempre. Pra sempre.

domingo, 28 de março de 2010

chocolate

minha cabeça está numa confusão, no meio de um turbilhão.
quantas coisas mudaram, quantos tempos se passaram: não sei administrar o que sinto.
horas me pego numa tristeza sem fim, horas num humor sem graça e nada convincente.
só tenho certeza da hora que quero dormir. e o quanto - muito - que quero ficar debaixo das cobertas, escondidinha, quietinha. de pijama o diatodo.
talvez o cheiro do chocolate tenha me animado um pouco hoje. talvez as preocupações da minha mãe tenha me tirado dos meus problemas, e como são pequenos perto dos da família. talvez a mudança me mude de vez e eu fique melhor.

sábado, 27 de março de 2010

FDS

O fim de semana é sempre o momento mais difícil. Diferentemente do outro, sinto um vazio enorme no peito. Mesmo em casa, na companhia dos pais, as coisas são difíceis. Me controlar pra não mandar um smile pelo celular é um sufoco.
O coração tá na garganta, na possibilidade de vomitar palavras e palavras numa conversa interminável de como foi a semana. De como foi o ato dos professores, como foi meu seminário, as reuniões, como será a festa, como vou fazer com os ovos.
Minha cabeça dói, de tanto esforço de não te contar nada, de tanto esforço em esperar uma notícia, um oi.
A casa, grande, se torna pequena, subo as escadas, desço, fico no meu quarto, volto pra sala, sento na cozinha, e nada, nada me desafoga.

sinto sua falta

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ontem descobri que as pessoas não querem se compromissar.
E que tenho que achar um defeito cabuloso no meu comportamento pra dinamizar minha vida amorosa.

Dois problemas que não tem solução...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sou apenas mais um alegre deprê

Os dias tem sido uma piada. Literalmente.
Quem dera ser fácil apagar as coisas, como são na internet, ou apenas dar um restart.
E mesmo apagando,não adianta, sempre sabe o que acontece...

Uma piada, mesmo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Meu coração dói.

Como tantas coisas que não senti antes e vivi em poucos momentos, pouco tempo, as lembranças fazem doer.
Como na vontade de entender, de ligar, falar e contar, dói estar calada. Imóvel.
Andar tem sido difícil, prestar atenção em algo não tem acontecido; a não ser em você.
Fazer aquele caminho, ver aquele lugar, machuca.
Como uma ferida que nunca vai cicatrizar.
Não é ferida, porque não foi ruim, mas uma abertura no coração que não se fecha.
Talvez por que eu não queira, pensam vocês, mas não, é porque não dá mesmo.
Me pego sorrindo, algo falso, sem essência, sem objetivo.
E sozinha, choro cada dia mais, ao perceber que existe uma parte no músculo que não circula mais nada, nem ar, nem sangue.

Preciso.

terça-feira, 23 de março de 2010

Não sinto fome.
Nem frio, nem calor, nem alegria, nem tristeza, nem raiva, ódio ou rancor.
Não sinto nada. Não sei nem se estou aqui.
Vou deixar a vida que se leve, voando, como pena perdida; uma sementinha de algodão de soprar.
Meu estomago está revirado, do avesso, na garganta, entalando um grito de Socorro.

domingo, 21 de março de 2010

como quem veio, foi.

de mansinho, de vargazinho, pegou meu coração, abriu, viu todos os caminhos do sangue, se perpetuou por ele e saiu, espirrado, pela boca teimosa.
tentei com que ficasse mais tempo, talvez pra me enganar de que estava feliz. não deu.
mesmo sem abrir a porta, sabia que você tinha fugido, escapado. eu é que não queria aceitar. não quero.
não vou me esforaçar para entender o que se passa, mas aceitar que foi assim, e que é um aprendizado.
tomara que fique sempre na minha vida, por hora, ao menos, até a cirugia no coração cicatrizar. como o mesmo que o abriu, deve ser o que fecha.

não vou lamentar. me humilhei e não sinto vergonha por isso.

acho que não fiz tudo, mesmo você não querendo ver, posso dar meu sangue por isso tudo.

sábado, 20 de março de 2010

Tu és responsável por aquilo que cativas

hoje passei na biblioteca. tive a sorte do sistema estar fora do ar. ela estava vazia.
procurei o velho cantinho no último andar, o dos periódicos.
sentei na mesinha, só com a chave do armarinho e o telefone. esperava algo.
me debrucei na dita e comecei a chorar. como há tempos não fazia.
parecia que a cadeira se lembrou de mim, e se adaptou à minha maneira curva de sentar e lamentar.
me sufoquei com a cabeça enfiada entre os braços, afogando-me nas próprias lágrimas.
fiz isso longe, porque não queria que vissem minha fraqueza, não queria que vissem que existe um eu atrás de mim.
me senti um fracasso. minha vida tem sido um fracasso diário. acordar sempre com a vontade de fazer diferente e voltar com a sensação de que a única diferença é que não fiz nada de bom, me deixou triste.
pensei no sucesso dos meus irmãos, dos meus pais, dos meus amigos.
enfiei ainda mais minha cabeça entre os braços e chorei. minha vida é um fracasso imenso.
andei por entre as prateleiras, e sei exatamente onde fica cada periódico, cada assunto, num mapa mental.
a biblioteca tem um ar nostálgico, os papéis velhos marcam um tempo que não volta mais.
pensei na minha vida de novo, e nos tempos que não voltam, e como um periódico, tenho que ler de novo tudo que vivi e repensar, reavaliar, fazer uma nova teoria pra viver melhor. pra dar forma ao que venho feito, pra mudar o rumo, ser revolucionária.
saí quando todos já tinham ido. numa vontade louca de dormir ali. com aquele cheiro de papel velho.
deitei no banco, fiquei observando as flores amarelas... como eram bonitas, e como poderiam ser tão bonitas a pesar de viverem tão pouco.
pensei de novo na minha vida. de como podia ser tão bonita e durar tão pouco.
como no livro, gostaria de colocá-la numa redoma pra não ter larvas e não ser confundida com as ervas daninhas.
mas não dá. não consigo colocar a minha vida num vácuo, protegê-la de qualquer coisa.
fui embora à luz do luar. sozinha.
num dia que planejei ser um novo começo, terminou sem um final feliz.

sexta-feira, 19 de março de 2010

http://icantexplainitwithout.wordpress.com/

Não vou esperar como se pressentisse o vazio. Vou esperar, porque se eu acredito em esperar é porque eu acredito, mesmo que só um pouco, que virá. Enquanto isso, vou contemplar o céu da madrugada quando ele tiver cor de vinho-com-leite-condensado, apesar do medo de que escorra pelos prédios. (A receita é essa) Não vou mais assistir ninguém indo embora, por quaisquer motivos que sejam. E vou aceitar que elas ficam em mim, porque é inevitável que fiquem, embora talvez elas tenham ido por não quererem ficar em mim ou embora talvez eu nem queira mais que elas fiquem. Eu vou me esquivar de certos pensamentos, porque preciso dormir. E vou respirar quando eu não for capaz. Eu vou me apropriar das palavras suas quando as disser para mim, porque eu não consigo dizer nada que já não seja previsto, a não ser que esteja bêbada. O ato de comunicar me aprisiona em todas as coisas que eu não disse, permaneço atrás das formas cristalizadas da linguagem, sem perspectiva de me libertar, a não ser pela arte que eu ainda não sei criar (ou pela bebedeira que dilui essa coerção cultural em que me encontro). E digo isso para aliviar todas as outras frases que em mim contive, como quem segura um arroto e depois assopra, só que o meu foi um suspiro. Palavras, talvez, apenas. Mas sem sentido. Eu murmurei, ou pensei. Talvez alguém consiga codificá-las do outro lado, porque eu sei o que elas significam e queria que você soubesse tudo o que sinto. Mas eu não sou o Proust e, por isso, fica impossível descrever. Se eu sinto algo de ruim nesse momento. Eu não. É só essa ansiedade que é sintoma da nossa experiência social. Que é sintoma de ter um celular que te segue o dia inteiro, ou um computador com internet em qualquer lugar. Fico lembrando do tempo em que não vivi e achando bem legal. Tudo acontece na minha mais pura subjetividade. Às vezes nego a minha inadequação ao mundo, às vezes explico minha ansiedade assim. Às vezes, minha paralisia. De repente, me vejo fazendo o que tenho que fazer, vejo a volta da vontade de comunicar, qualquer coisa que seja, mesmo que pelas suas palavras, tão previsíveis quanto as minhas. Só tenho o desejo de me libertar, porque a cristalização é imperativa sobre mim. Descobri isso hoje.



Como é que a língua pode, ao mesmo tempo, prometer que eu vou me comunicar e negar a comunicação? Eu não entendi.

Como é que de tudo fica um pouco? Por que só um pouco? Como faz pra ficar tudo?

Como é que se espera sem contar as horas, sem presenciar miragens, sem escutar sons que não existem e sem achar que o vento é uma pessoa?

Qual é a metáfora pro silêncio das coisas que você não disse, que eu não disse, pro silêncio da sua ausência e da minha falta?


Como é que eu faço o Sol ficar em mim mesmo quando chove dentro?


Cabe tudo no silêncio do meu quarto – talvez a metáfora seja essa

http://icantexplainitwithout.wordpress.com/

quinta-feira, 18 de março de 2010

acordei de um sonho. que meu telefone tinha tocado, que suas palavras doces me acalmavam de um jeito que não ouvia há tempos. acordei satisfeita, feliz, mas só depois de alguns segundo percebi que era somente um sonho... ensaiei uma ida ao telefone, mas meus dedos se negaram a te ligar.
acordei de novo contente, agora porque tin ha recebido de suas mão um buquet de rosas vermelhas. meio amassadas, tímidas, e com sua mão, um carinho que cabia meu coração. e de novo me lembrei que não era verdade. não tentei ir até o telefone, e ele não continha mais suas mensagens.
a cada dia que passa te vejo de longe, triste, cambalenate, vacilante. como se tudo estivesse errado e aquilo não poderia ser mais.
vi hoje que um de seus afagos tinha sido apagado, sem motivo. comecei a chorar.
está tentando me tirar do seu campo de visão, mas só atrapalho, porque estou em todos os lugares.
no futuro, no presente e no passado. não de uma forma triste, feia, vergonhosa, mas como se tivesse tudo pra ter dado certo, e pelo destino, ou por qualquer outra coisa não aconteceu.
acordei triste, e o dia vai ser assim, todos eles, porque sua falta o faz assim.
nunca havia me passado essa possibilidade, e agora estou aqui, pensando em tudo isso, e em como fui desonesta comigo mesma, mas sobretudo com você.

quarta-feira, 17 de março de 2010

o tempo está frio. não chove, mas venta muito.
seus cabelos, grandes agora, esvoassam, numa maneira de cobrir teus olhos, teu rosto.
você passa e por mim não vê nada, não sente algo.
talvez o coração palpite, mas voocê não está pronto a sentir porque.
a cabeça dói, numa tentiva de não sentir o coração, não sentir nada.
as atitudes são mecanizadas, como num dia-a-dia chato, sem razão pra ter, de ser.
se fechando numa redoma, procura pensar, entender o sentido de fazer isso, e eu te espero na noite, ansiosamente.
voce passa, olha, olha, mas de novo não sabe como o coração pode ser tão traiçoeiro. não entende como pode gostar de uma imagem que só tem na sua cabeça, que agora dói ainda mais.
a comida não é suficiente pra satisfazer, precisa de algo que encha o coração, e sabendo o que é, fico aqui calada, assim

terça-feira, 16 de março de 2010

aguardo uma surpresa há tempos. 'Um risco, um passo, um gesto rio afora'
espero atentamente você passar pela rua, pra ver sua silhueta à meia luz do poste. só pra ter alguma idéia do seu olhar, do seu caminhar...
aguardo uma resposta, uma reação, uma mudança, uma fala, um afago.

espero atenciosamente ao meu lado quando você voltar.
porque tem um lugarzinho aqui só pra você.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Receita para um Novo Dia

Pegue um litro de otimismo,

Duas lágrimas –de preferência
Escorridas no passado.
Duas colheres de muita luta
E sonhos à vontade.
Duzentos gramas de presente
E meio quilo de futuro.
Pegue a solidão, descasque-a toda
E jogue fora a semente.
Coloque tudo dentro do peito
E acenda no fogo brando das manhãs de sol.
Mexa com muito entusiasmo.
Ao ferver, não esqueça de colocar
Uma dose de esperança
E várias gotas de liberdades.
Sorrisos largos e abraços apertados,
Para dar um gosto especial.
Quando pronto,
assim que os olhos começarem a brilhar,
Sirva-o de braços abertos.

(Sérgio Vaz)

chove lá fora

o coração bate compulsivamente, toda vez que passa por perto.
do vidro, percebo seus passos, lentos, leves, carregando um corpo que pesa.
do seu olhar consigo entender um pouco a sua dor. não imaginá-la.
a falta de brilho, de esperança, de cansaço se encontra ali, nos olhos cor de castanhas, do tamanho de uma bolinhadegude.
e voce passa, de novo, caminhante pela minha janela. minha voz se afoga em si mesma tentando te chamar, te acordar pro mundo. mas voce não precisa disso.
precisa de um par de olhos a mais, de cor diversa, que faça companhia aos teus. que te faça enxergar um pouquinho melhor. não óculos.
no silêncio, na janela, ouço teu coração palpitar, como se soubesse que o par se encontrava ali perto, mas não exatamente onde.

domingo, 14 de março de 2010

desculpas

tenho que admitir minhas desculpas.
por te abandonar temporariamente, por olhar pela janela e achar que já te conhecia de tempos.
por pedir demais.
tenho que admitir minhas desculpas a mim mesma.
por me torturar, pensando que seria o centro. por ser egocentrica.
esses tempos tem sido difíceis. pra todo mundo. o que me resta agora é pedir desculpas.
por achar que a felicidade bateria sempre à minha porta, por acreditar que tempestades não nos atingiriam.
tenho que pedir desculpas por emendar as coisas, fazendo de tudo um só.
não saber separar os tempos, os momentos, as vivências.
tenho que pedir desculpas pela tortura que dei a mim, a você. pelo tempo que não te dei de pensar, de agir, de escolher. tenho que me desculpar por cobrar, por pedir, implorar o que eu acho dentro de mim.
me desculpar por pedir forças, por continuar, por insistir. por tirar sua autonomia.
por invadir seu espaço sua vida. influenciar tuas escolhas. mudar tua história.
pois só te conheço de passagem, pela janela, pela luz da noite.
só sei quem é você por mim, pelas minha fragilidades. me desculpa.
por te medir pelas minhas experiências, pela minha vida.
por te expor, por te mostrar quem você, na carne, nua e crua. sem pudores.
me desculpa, por não saber os limites da razão, por não entender os limites do seu coração, por não entender que seu espaço é diferente do meu.
por não saber viver com o diferente. por te forçar a ser quem você nem sabe quem é.
por achar que sabia quem era por noites, pelas passagens, pelo ombro; não pelo que sentia.

me desculpa.

sábado, 13 de março de 2010

como quando cheguei, vou saindo. simples assim. suportei demais uma dor que não sei como lidar. a vida é bastante traiçoeira e hoje quero que tudo se exploda. sim, meu coração, minha cabeça, meu estômago. tudo. hoje eu to sozinha. como estive ontem, anteontem, durante cinco, seis anos. estou sozinha.
não há mais o que perguntar. não há mais o que fazer. o amor me sufocou, e agora quero partir. transceder esse curto espaço de tempo, transceder a vida que me traiu.
traída por mim mesma, pelas espectativas que criei, por aquilo que se apresentaram a mim, como a melhor coisa da minha vida. me enganei, me deixei enganar, me deixei levar, numa burrice insana e sem consequências.
hoje vou me entregar. ao cigarro, a cerveja, ao sofá, à tv. hoje e sempre.
chega de alegrias falsas, de tentar acordar e fazer tudo valer a pena. de me doar sem receber nada em troca. afinal minha vida não interessa nem a mim mesma, que dirá aos outros. minha vida medíocre, sem trabalho, sem perspectivas acadêmicas, sem família.
chega do mísero sonho burgues de querer ter uma casa, um cão, um gato, filhos, empregos, um amor.
chega de querer viver, lutar pra viver e conseguir viver num mundo ordinário.
me entreguei. me entreguei a você e não recebi nada. não recebo nada. só a solidão, a tristeza. agora vou me entregar pro mundo. e ele que me leve conforme for a musica.
o esforço todo não valeu de nada, e hoje me vejo jogada em casa. de pijama ainda.
queira te ajudar, mas eu to precisando de ajuda. e não tem ninguém aqui pra me dar o ombro, pra poder chorar.

chega.

Dia 12

esses dias tem sido bem estranhos.hoje, foi o mais deles.

Acordei com uma sensação estranha, e de repente, me vi jogando pela boca o que não tinha no estômago.
A cabeça, latejante, doía de uma maneira insuportável. Estranhamente, não havia nada no estômago e passou a doer como nunca.
Nada, nada ficou no meu corpo, nem mesmo tinha pressão suficiente pra me sustentar.
Durante o dia, a boca insistia em soltar por sí só, coisas que não eram de sua responsabilidade. Como num aviso, fiquei mal preventivamente.
Dormir não aliviava, e ler, escrever era torturante.

Quanto tive a notícia, paralisei em frente a este que lhes transmite essa mensagem.
Paralisada de tal maneira, sem palavras, sem ação.
Os olhos lacrimejaram. Triste.

Lembrei do meu bisavô, que sempre me dava broncas de como se portar a mesa. De como se portar na Igreja. Da urgência de ir à missa: na primeira fileira. Minha bisavó, linda. Seus cabelinhos brancos, me pegava no colo de maneira fraternal. Brincava de bonecas comigo. Cantava musiquinhas em espanhol, que me lembro pouco.

Lembrei da minha avó. E como estou ausente com ela. E como choro por não poder estar com ela, mais vezes durante o ano, e como ela sempre faz o que eu gosto, arruma as coisas com um zelo pra eu sentir bem na casa dela. E como eu a trato com um carinho, com uma vontade de trazê-la pra casa e guardar comigo.

E me peguei fazendo coisas que eles faziam comigo. E me peguei vendo como eles estão presentes na minha vida mesmo na minha memória, no meu coração. E me peguei escrevendo isso, ainda lacrimejando, com os olhos marejados.

E como eu tenho um carinho por eles. Como eu gosto da minha avó. E como eu quero que ela seja eterna.

O coração ainda palpita. A pressão não se normalizou e a boca ainda ensaia uma tentativa de fuga.

dedicado ao fer.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Dia 11

acho que não precisa se preocupar. os momentos difíceis passam e voltam, num movimento cíclico da vida, que tem poucas variações a essa altura da idade.
os dias tem sido os mesmos, váriaveis de humor, váriaveis de sentir. e dá pra acostumar a ser assim.
sem lembranças, sem memórias.
resta saber se assim, vou conseguir viver bem.

Espero.
por tudo, por todos, por algo, por voce.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Os dias tem sido bem chatos. As aulas cansam, e queria estar fazendo algo mais produtivo.
De certo que a militância tem dado um ânimo. Mas sentar naquelas mesas e estudar tem sido uma tarefa difícil.
Difícil não só pelo desânimo de mais um ano que tenho que estudar, mas porque ficaria horas pensando em você, tentando achar uma maneira de te ajudar.
Ontem achei algumas soluções: umas a longo prazo, que tenho que esperar o tempo passar ansiosamente; outras a curto prazo - imediato - e espero que resolvam um pouco.

Foi bom encontrar os amigos.
Girar no meio do saguão como a mais pura alegria de uma criança, que se vê feliz.

Tava feliz ontem: politicamente e cardiacamente.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Hai Kai

Queria achar um culpado
Ou ainda, que a culpa fosse minha
Mas por hoje, chega.

(...) 'se continuasse platônico estaria melhor' (...)
esse não era o melhor momento das férias. ou talvez fosse.

a crise me pegou e agora to correndo contra o tempo.
mal posso esperar pelas próximas férias... quero mudar...rápido!
pior que meu receio é que seja tarde demais, e que não dê tempo de fazer amanhã, o que eu quero hoje. medo do tempo passar e não conseguir realizar as coisas que quero.
e resta agora esperar, até julho...
se reunir com os amigos é semrpe bom. desde que sejam amigos. deverdade.
essa coisa de ser oportuno, conveniente, fazer um social e sair com um sorrisinho na cara, não convence.
de fato me divirto, acho super engraçado ver as pessoas de máscara. rende um caldo de conversa e boas risadas.

ficou difícil de dormir depois das cinco da matina. a cabeça não parava de funcionar, e de hora em hora queria acordar pra pensar mais um pouquinho. mesmo depois de cinco horas, não tenho sono. estou ansiosa.

queria te contar como foi, como aconteceu, logo. pessoalmente.
fiquei ansiosa e te coloquei na frente de tudo. estabeleci meu marco.
e voce aceitou, com seus marcos também, e aceitou. seu apoio meu importa.

se apóie em mim e tenha a certeza que sempre, sempre estarei aqui.
te esperando.

sábado, 6 de março de 2010

A Semana em cinco dias - Parte V


Passo por um processo de reconquista. Uma sensação louca de um novo começo, um restart na minha vida. 
Um começo diferente. Faz parte de um passado recente que tive.
Minha mão continua estendida, mas parece que atrapalha sua passagem, seu ir e vir.
E daí a recusa em ser feliz. Não andar de mãos dadas.
O dia hoje nasceu pra dar errado.
Minha cabeça lateja e os analgésicos não são a solução; a resposta.

E assim acabaram os cinco dias.
Penosos, sim, mas de uma lição imensa.

Boa noite a todos.

sexta-feira, 5 de março de 2010

A Semana em cinco dias - Parte IV

Eu não consegui dormir, pensando em como resolver as coisas. Queria ter o controle de tudo, mas sei que não é possível.
Te peguei, dobrei e coloquei no meu coração, e você se esforça a cada instante em se desdobrar e sair dele. Fugir.
Aí te pego de novo e aviso que vai ser difícil, que eu sou uma pessoa difícil, e meu coração é forte, e vai aguentar você aqui dentro, num gesto de carinho, quero ter você sempre por perto. Não quero vê-lo longe, em meio as suas próprias lágrimas, falando, mal e falsamente que está bem. E me alivia saber que pra mim, essa desculpa não cola.
Aguenta firme aí, que as gavetinhas do nosso coração estão se misturando e saindo do lugar pra um novo arranjo. E quando isso acontece, é dolorido, sim, mas não adianta fugir pro seu casulo.

Fica pertinho, pra eu poder estar pertinho, sonhar que um dia vamos ficar pra sempre... sempre... sempre...
Te ouvir chorar foi péssimo e me pegar chorando foi pior. Mostrou a você uma fraqueza que eu nunca queria que soubesse que eu tinha...

4/5

quinta-feira, 4 de março de 2010

A Semana em cinco dias - Parte III

Ontem o dia começou tarde, por volta das 21h.
Caminhar parecia uma tarefa árdua e o chão não parecia ser deixado pra trás. Meus passos ficavam curtos, mas cheguei rápido até você.
Quando te vi, o vento e a escuridão, o frio da noite passavam por você como se não estivesse ali. Não era aquele que eu conhecia. Conheci uma pessoa forte, inteira. Era a carapaça. Como a minha, que durante muitos anos tive.
[Sim, sim, também fui um caramujo um dia. Também tive uma casinha pra me encolher quando o tempo fechava. Um dia percebi que o tempo não ia mudar tão rápido, e eu precisava respirar, saí e vi um outro mundo.] Te conheci.
A unica coisa que aparecia no seu rosto eram suas lágrimas. E isso me dizia que nada estava bem, e que você havia saído do seu casulo.
E eu te ouvi desistindo, da vida, da felicidade. Não ouvi os argumentos, e a lógica não existia. Apenas desistir. Deixar de ser feliz, deliberada e gratuitamente.
E quem sou eu pra forçar alguma coisa. Falei apenas a verdade. E era a verdade pra você também.

Fechei os olhos e estendi minha mão. Não somente num gesto de carinho, compaixão. Num gesto de amizade, mas principalmente de amor.

Dá vontade de te pegar, dobrar e por na minha mochila, no lugar da garrafa d'água.

E te peguei, dobrei e coloquei no cantinho macio e quentinho do meu coração.

3/5

quarta-feira, 3 de março de 2010

A Semana em cinco dias - Parte II

O dia ontem foi tenso. O café e o cheiro do cigarro me enojaram. Uma sensação que estava dentro de mim que pude sentir com o olfato. E talvez precisava disso para cair na real.
Não tava nada bem há algum tempo, e o coração ficou pequeno, talvez asfixiado pela fumaça.
O banho, o cão, a espera.
A frustração.
Seria o último dia de trabalho, que demorou pra passar.
A comida estava sem gosto, o céu, cinza, chuvoso; o dia frio contribuiu para a tristeza.
A aula. Lotada, como não deveria ser. Não entrei.
Entrei no carro.

Esperei.


Esperei.



Esperei.

Com toda a paciência que tenho, ainda espero.
O tempo passou devagar e nenhuma notícia ao vivo, apenas leituras de segundos atrás sobre sua vida. E que eu não estava nela. Nem segundos atrás.

A simplicidade em viver bem existe. E está esperando o tempo pra voltar a aparecer.
Ontem não deu pra escrever. O tempo, frio, não permitiu a palavra sair da mente, nem o corpo das cobertas. O medo não deixou minhas mãos sentarem na frente do computador.

Que as lágrimas sirvam pra abrir um dia melhor amanhã. E que eu não me jogue do segundo andar.

2/5

segunda-feira, 1 de março de 2010

A Semana em cinco dias - Parte I

O dia hoje era o que mais estava no eixo, se fosse ver uma pessoa comum.
Acordar, fazer café, tomar banho, trabalhar e estudar, parece ser o comum, e deveria o ser pra mim.
Só que a sua falta me faz falta, não sentir você perto, mesmo distante, me entristece. Me entristece mais ainda, saber o que tinha a dizer naquele dia, e não foi dito.
O eixo está meio deslocado, e mesmo assim, em alguma órbita. Você o faz desse jeito. E até mesmo com as incertezas e com o não-saber das coisas, gosto do dia fora do eixo, mas em órbita. Como vem sendo, por mais que difícil.
Hoje a cabeça parecia explodir de uma maneira fenomenal. Me concentrar em você exigia um esforço corpóreo que parecia não existir. Pensar fazia minha mente girar. Saber o que sinto por você, e por isso essa dor, me machucou o dia todo. E até o final do dia é catastrófico.
A casa está ali, largada. Suja. Desarrumada. A tv parou de pegar, o cão não comeu. E eu nem me preocupo mais. Saí do eixo de vez, mas não sei por onde estou orbitando...

1/5