sexta-feira, 30 de abril de 2010

Descubra!

Não vou mais seguir a sombra, tentar sentir o suspiro, cheirar a brisa da noite. O vazio me incomoda, mas talvez tenha que ser sentido. O vácuo talvez seja mais interessante e mais internalista.
A sombra se faz presente porque procuro algo, porque tento me esconder nela pra ver e não ser vista. E isso não tem sido útil. O suspiro revelador mostra o quanto a vida é cansada, dura, e não é bom se esconder por ele. Apresentar a fraqueza da fadiga diária do não-ser. A brisa ensaia uma visita, uma vista, uma sensação de conforto falso, que também não dá mais pra sentir.
O vácuo é a possibilidade de encher. É o vazio que faz surgir coisas novas, que pode ser preenchido a qualquer instante e despreenchido também. É no vácuo que se encontra para além de todas as coisas desse mundo, para além do simples viver do dia-a-dia. É ali que se sente conforto legítimo. O que se pode ser sem medo ou avaliações.
Não é nenhuma forma de dor, felicidade ou afeto. É o ser simplesmente. Como tem sido todos os dias. É nesse não lugar que as coisas acontecem, nesse espaço que me fixo voando que me territorializo em mim. É neste lugar que me encontro, sem idas e vindas, num vai e volta de pensamentos e ações.
É nesse território sem leis alheias que me faço em mim. É nesse lugar que me encontro no íntimo, profundo e tocante. Eu mesma. Sem rodeios.
É nesse espaço-território-lugar que não tem igual para mais ninguém, que é só meu e que pode ser visto por qualquer um, mas intocável para todos. Ali é minha vitrine, com trocas de roupas, mas sem a troca da essência. Onde posso ser tema e figurante de todas as ações. Onde posso ser a crítica e a auto-crítica sem maiores rodeios.
É no vácuo da existência que existo em mim para mostrar aos outros o que sou. Ninguém está convidado a entrar, partilhar dessa nova terra que está a exposição. Não existe convite para o Espaço aleatório do sentir, do ser e parecer. Existe eu, você que não numa mera soma apresenta um conjunto, mas numa confluência de sinais que aparece o todo. Não desvinculado, mas separado.
Em qualquer lugar existe tudo o que imagina, mas no meu só tem o que quero e o que posso imaginar, o que sou, sinto e o que posso mostrar.
Ali não tem a quem seguir, não tem o que a se cheirar, sentir, esconder. Eu por mim mesma.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Cor(agem)ação

Este silencio atordoa. Todos os dias a vontade de dizer e de calar é a mesma. O sol, poente, cala todas as possibilidades de continuar a clarear as idéias, fazer ver o dia como dia, claro, sem sombras ou dúvidas. A noite vem e com ela a sombra, a penumbra do não saber.  Não haverão pessoas nesse mundo que imaginem o quanto derramo sobre a grama, sob a lua, lágrimas. Não de amor, mas lágrimas do que não foi. Ainda. lágrimas das lembranças que tenho daquele dia de chuva, que tentou me acalmar mas que não foi possível. Hoje todos os dias chuvosos parecem comemorar minhas lágrimas, num saudosismo melancólico de quem não tem o que fazer se não esperar. Esperar um suspiro, uma palavra, esperar que o silêncio dê conta de dizer o que acontece, o que se passou e como vai ser. Se torna fácil pedir coragem a quem o tem todos os dias, misteriosamente. A coragem é um trunfo para tornar as dores menores. Mas não tem sido suficiente. As águas passam como se não pedissem licença, chegam e me levam, como no encontro de águas que tentam me levar, e que eu sigo, cegamente. As inúmeras tentativas de quebrar esse silêncio foram feitas e hoje, ninguém é capaz de romper a barreira que foi criada desde aquela chuva, daquela noite chuvosa, que mostrava sua sombra, sua penumbra, que ninguém mais conhece ou vê. O sol um dia vai fazer toda a chuva evaporar e cair em forma de estrelas cadentes, quebrando essa expressão que não entendo mas respeito – o silêncio. Aí os dias nascerão claros, sem sombras, dúvidas ou penumbras. A chuva de estrelas cadentes serão capaz de acalmar? O fim do silêncio, a expressão do rosto, serão suficientes pra trazer alegria?

Hoje espero apenas que a coragem me dê mais uma chance de viver.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

espa(e)cialmente


O Espaço é superiormente interessante.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Meu estágio na prefeitura da cidade está perto do final. As vezes paro pra pensar no que aprendi e quando eu entrei lá achei que não ia gostar. Hoje não consigo fazer nada em São Paulo sem reparar na estrutura e no elementos que motivam uma cidade ser tão segregadora dessa maneira.
Pensei nisso hoje por dois motivos: um por conta do aniversário de Brasília, que me fez comprar o jornal pra ler e ver as fotografias, outro porque estudei 10 horas para a prova de amanhã. Estou bem cansada, mas nada que eu possa reclamar. Como eu gostei das leituras. Mesmo incopleto, os textos que li são cativantes. Nunca imaginei que ia gostar tanto de uma área desse jeito. Claro, quero dar aula, mas se surgir uma oportunidade de continuar a trabalhar com isso, eu quero. As possibilidades de intervenção crítica na realidade também estão postas por aí e espero ter muito mais tempo pra me aprofundar nas leituras. Com certeza vai culminar num trabalho final de graduação muito bom, que vai refletir todas as minhas experiências nessa metrópole.
Estou bem feliz por ter conseguido me concentrar nos textos hoje. Fiz algumas pausas estratégicas para poder manter o ritmo e o resultado foi super positivo. Me desvencilhei de alguns pensamentos que me atrapalharam sempre os estudos, e consegui uma concentração que nunca vi durante toda minha graduação.
Tomara que eu consiga ir bem na prova amanhã.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Wait

Teve um tempo que não tinha certeza do que sentia. Gostava de estar acompanhada, acima de tudo me admirava a maneira de levar a vida, a vitalidade que tinha em todos os aspectos para encarar as coisas. Sem saber durante muito tempo que havia um monte de problemas, já admirava todas as formas de luta. Quando disse: "-Eu te amo", não tinha clareza se amava também. Adimirei seu gesto em se entregar daquela maneira, ao novo. Uma dúvida pairou por muito tempo, se o que sentia mesmo era de verdade. Respondi prontamente que sim, mas sem saber o que era aquilo que sentia de fato. Depois de um tempo, olhei bem para seus olhos e soube: sim - Eu te amo! E descobri o que é amar de verdade. Descobri um sentimento avassalador, que come a gente por dentro, que nos toma de uma maneira destruidora, sem a gente perceber.
O sentido de nossos sentimentos estava na contramão: enquanto o tempo passava, te amava mais e mais e você se afastava, me amava de menos, de maneira diferente. Descompassados, insisti em recobrar o amor que tinha por mim, para mim era difícil retroceder nos sentimentos, era difícil voltar ao estágio de admiração apenas. Longas conversas - um hiato - foram tentadas - sem resposta.
Seus olhos me diziam coisas que as palavras nãos eram capaz, não tinham coragem em exprimir. Não quis acreditar que estava indo embora, por suas atitudes de carinho, seus abraços, suas palavras - ao meio - mas que me diziam que tudo aquilo estava errado. No fim, deixei-te ir, na esperança de que volte um dia.
Passei dias em espera, e de certa forma continuo esperando, ao menos um contato, que foi me prometido. Espero palavras de desabafo, de raiva. Espero.
Hoje não sei o que sinto mais. Só sei que não é amor. Uma coisa esquisita, proveniente dessa longa espera. Acho que espero um começo, platonicamente te imagino diariamente, e tento pensar que escreve para mim e que pensa em mim. Você está a uma distância, à uma intocabilidade, que me faz continuar te imaginando como a melhor pessoa da-para a minha vida. Conhecendo você demais, para além de qualquer outro, imagino o que levou ao seu umiço. Imagino como é ter uma pessoas que conhece tanto e como isso é perigoso. É perigoso deixar todas as angústias nas mãos de uma pessoa só, ela pode ir embora. Se você foi é para se proteger, me deixar na posição do não dizer, não fazer. Sim, foi bem mais fácil deixar tudo. Não que tenha ficado feliz, mas era melhor ir antes de eu poder pensar nisso, pois sabes que não vou embora.
Não tenho coragem de ir embora, de expulsar você de mim. Como num gesto de carinho, guardo de você as melhores coisas que a vida me ofereceu nos últimos tempos. Espero um contato. Espero que não sumas. Espero.

cem

Naquele dia de sol, a menina acordou como de um sonho que mais parecia verdade. Caminhou até o corredor e se deu conta aí, que tudo havia acabado. Acendeu seu cigarro, sentou no chão e pôs a pensar no que tinha se passado naquela noite meio mal dormida. O quanto queria que tudo aquilo que tinha no passado fosse verdade. Levantou, passou um café e se sentou novamente naquele chão frio à meia luz do sol. Passaram-se algumas horas naquela posição: xícara na mão, café quente com leite. Pensou de novo em como queria que as coisas fossem mais fáceis, que a vida lhe estivesse reservado uma surpresa mais confortável, que não fosse tão difícil continuar o dia. Levantou, tomou seu banho e foi fazer a vida acontecer. Durante o dia, imaginou como seria se não fosse assim, imaginou como seria não estar naquela solidão cotidiana, onde cheio de gente, sempre faltava alguém pra te compreender. Imaginou como queria conversar com alguém que apenas olhasse pro seus olhos e visse neles uma vontade imensa de chorar e continuar a fazer o que era certo. Acordou de novo e viu que aquilo jamais aconteceria, não a curto prazo. Sentia saudades de um tempo que não foi, daquilo que nunca aconteceu e não aconteceria somente por estar pensando. Foi para casa ainda pensando em como mudar o dia seguinte, já que este era o mesmo de ontem.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Num feriado de sol, como tantos outros, a garota se pôs a fazer o que de melhor lhe era inerente. Levantou cedo, arrumou as malas e foi, junto dos outros, fazer a diferença pro mundo. Com muita tática e paciência, colocou, durante todos os momentos possíveis, daqueles dias intermináveis de sol pela manhã e chuva torrencial pela noite, seus anseios em mudar o rumo do mundo. Bateu, xingou, formulou e saiu aos prantos. Gritou ferozmente contra aqueles que queriam destruir o que de melhor tinha acontecido nos últimos três anos de sua vida acadêmica, politica.


Amigos ali, haviam muitos, e todos eles com uma habilidade que jamais poderia imaginar, pessoas que muitas das vezes se mostram mais sérias, abraçaram-na, de maneira carinhosa, singela, comprometida, sincera. Um conforto do abraço amigo que há muito não sentia, um toque das mãos em suas costas que lhe davam um abrigo e lhe protegiam daquele mundo inventado tão cruel, que massacra os mais comprometidos com a possibilidade de mudança.

No meio de tudo aquilo a lembrança trouxe a tona o porque de tanto esbravejar. Lembrou do amigo, que mesmo em meio a tantas dúvidas, se orgulhava de seu papel naquela conjuntura, a achava corajosa, de caráter, com fibra, comprometida. Se lembrou o quanto estava feliz por este novo rumo que ela havia tomado, se lembrou do dia em que a mensagem dizia que estava contente por tanto animo numa pessoa só e que tudo daria certo finalmente. Se lembrou da distância, e como no meio de todos aqueles, ele fazia falta, como faltavam as suas palavras, seus conselhos e suas ponderações. Como faltavam o colo, o ombro, o lenço pra secar as lágrimas e a vontade de seguir em frente, só de ver aqueles olhos de quem acredita naquilo que faz.

Naquele momento tudo fazia falta. Para a garota, toda a falta estava concentrada numa pessoa distante, mas perto do coração, perto do raciocínio lógico, da razão. E isso a fez seguir em frente, a fez continuar a fazer o que melhor havia pra'quele momento, continuar e tentar mudar o pouco do mundo que conhecemos.

Sentou, chamou seu nome, chorou, dormiu.

No dia seguinte, que também começara cedo, com o sol a nascer e depois de uma noite mal dormida, apenas quatro horas num colchonete invisível, depois de uma longa conversa com aqueles que estavam na mesma direção que ela, levantou e foi para o embate. Com medo, acuada, nada soube dizer, apenas a lembrança na cabeça daquele que a fazia continuar naquela batalha.

Ao fim do dia, com uma tempestade, tudo terminou bem. Seu objetivo não fora alcançado, mas a manutenção daquilo que a fazia continuar a fez sorrir. Lembrou novamente do amigo distante, no caminho pra casa. Arrumando as malas, sorria um sorriso tímido, envergonhado, pra que ninguém percebesse sua alegria contida em não poder esbravejar para o mundo sua vitória e que era dedicada ao amigo, exclusivamente.
vazio

sexta-feira, 16 de abril de 2010

a sensação de nada, hoje, me assusta. sinto um nada, quer dizer, uma vontade de ficar só. é como se todo o passado estivesse tão distante e difícil de alcançar que sinto nada. vou vivendo, andando. um vazio ao mesmo tempo, como se faltasse algo, mas não sei bem o que é.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sei, é claro, que queres conversar. Mas eu não quero mais. Não tenho mais paciência pra ouvir os lamentos da sua vida, as suas amrguras, pensando nas minhas também. Vivo bem com elas, todo dia acordo com vontade de resolver minhas coisas, de ter, enfim, minha vida. Você não, insiste no erro, e assim, continua errando. Fechado, com seus paparicos, esqueceu do mundo aqui fora, das suas responsabilidades. Sim, se um dia pensei e disse que era responsável, hoje vejo que me enganei. Você é irreponsável com sua vida, não no sentido material, é claro, mas não só de materialidade vive o homem. Não é sozinho que se vive. E eu não queria as coisas palpáveis que você queria me oferecer, mas não tinha como. Eu não queria que você tivesse condições de me abrigar na sua casa, de sermos nós. Queria uma vida simples, que os planos não fossem os mesmos, não se repetissem. Porque isso aconteceu, e hoje vou concretizá-los sozinha, como era antes. Nunca esperei de você um impulso pra dar um rumo pra minha vida, ao contrário, você me cobrou, eu corri, ajeitei tudo pra você ir embora. Não sei como está tudo isso, mas pra mim tem sido um tempo bastante confuso.
Não posso dizer que tudo passou, mas tem alguns momentos que sinto raiva da sua irresponsabilidade, de me largar na sarjeta com um saquinho com os nossos sonhos como quem diz: '-Se vira aí que agora não dá mais e eu tô caindo fora.'
De novo me vi na posição de ter forças e ter que passar por cima de tudo, e fazer tudo sozinha, do meu jeito. Nunca, na minha vida, passei um tempo comigo mesma, e tem sido bem doloroso, mas to aprendendo que não dá pra ser daquele jeito. Aqueles planos, essas memórias, não era o que eu queria pra nós. Era, de novo, o que eu quero pra mim. E vou realizar.
Todo dia acordo e penso em como você deve estar, tenho notícias vagas suas, que me fazem imaginar como está cansado. Mas não posso fazer nada. Sinto muito.

Você sabe como e onde me achar, sabe das minhas atitudes.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Dança da solidão

Solidão é lava que cobre tudo

Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo
Solidão palavra cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão

Camélia ficou viúva, Joana se apaixonou
Maria tentou a morte, por causa do seu amor
Meu pai sempre me dizia, meu filho tome cuidado
Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado

Quando vem a madrugada, meu pensamento vagueia
Corro os dedos na viola, contemplando a lua cheia
Apesar de tudo existe, uma fonte de água pura
Quem beber daquela água não terá mais amargura

Desilusão, desilusão
Danço eu dança você
Na dança da solidão

Paulinho da Viola

trocadilho

no vento da madrugada veloz,
sinto, deito, penso
pesa a cabeça
leve fica o coração

no vento veloz da madrugada,
penso, sinto, deito
leve fica a cabeça
pesa o coração

terça-feira, 13 de abril de 2010

haikai

Num espaço curto
Escuto, no escuro
O absurdo

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Uma sensação estranha.
Tédio, apatia, nada.

domingo, 11 de abril de 2010

Hoje não tenho nada pra dizer.
O dia foi normal, passei todo ele pensando em você.

sábado, 10 de abril de 2010

essa não é mais uma carta de amor

Sentada aqui, na casa dos meus pais, poderia escrever uma série de coisas, inclusive uma carta de amor pra você.
Nela falaria de todos seus defeitos, suas virtudes. Falaria dos seus erros e dos meus também. Comentaria meus defeitos e também minhas virtudes. Escancararia nossa falta de noção em planejar tudo em tão pouco tempo.
A questão é que ela seria muito longo e um post aqui seria pequeno demais pra dizer todas essas coisas. Porque depois emendaria em: como fomos ficar tão longe, e o porque disso tudo. Como perdemos o contato, o sorriso, a cumplicidade. Chegaria a um ponto em que a carta seria insustentável por si só: daria voltas e não resolveria nosso problema, que é não conseguirmos ficarmos juntos. Enumerar o quanto daríamos certo, o quanto podemos ser felizes e o quanto te amo, seria insignificante, sem sentido e desconexo. Talvez porque estamos vivendo realidades que estão na nossa cabeça, que esta distância parece de uma crueldade que não somos nem capazes de trocar um simples oi, de dar um abraço forte, um afago amigo, um colo.
Por mais que precise desabafar, de um sorriso seu; por mais que eu queira mais que tudo nesse mundo saber como você anda, não posso fazer isso. A princípio você optou por uma vida que não me inclui e tenho que me acostumar, mesmo que por um tempo, com uma vida que não te inclui. Essa é a dor. Ter uma vida que não tem você, apesar de te amar incondicionalmente. In-con-di-cio-nal-men-te. E é essa dor, a solidão, o sorriso falso e a contenção de um gesto que me entristece: é saber que você não está bem e não poder te dar meu abraço, um carinho, um colo. É saber que tenho como ajudar, mas eu não posso fazer - porque você me quis pra fora da sua vida. E conter uma ajuda é muito difícil pra mim. A minha tarefa nos últimos anos tem sido de dar apoio às pessoas, ajudá-las, confortá-las e agora, não poder fazer isso por você, tem me custado muitas lágrimas, que choro todos os dias por não ter notícias suas, por não saber se vai voltar, por não saber que estou te esperando. É isso que dói, não poder ao menos te ver de longe, te dar um sorriso, estender a mão. Ter que deixar você no seu cantinho, quietinho, esperando tudo isso passar. Me dói não compartilhar dos seus momentos, de tristeza, de alegria, de solidão. Me dói não poder te chamar pro cinema, nem pra uma exposição ou um curso que sei que tem vontade de fazer. Me dói estar sozinha.

são pensamentos soltos, 
traduzidos em palavras.
pra que você possa entender,
o que também não entendo. 

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tenho coçado as mãos para não fazer uma bobagem. Os dias tem sido assim, uma contenção de emoções e um não envolvimento com algo sentimental. Um racionalismo puro e deslavado, desalmado.
Um dia terei a certeza de que tudo isso é uma bobagem. Acho que preciso de um tapanacara.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

a medida da paixão

se chegasse alguém hoje e me desse um tapa, não revidaria. simplesmente diria: - meu caro, você não sabe o que é dor no coração. e ainda, se insistisse, não faria nada, levaria tapas e tapas até acordar, até parar esse mecanicismo do dia-a-dia e viver de fato.
hoje está assim: um dia indiferente. combina comigo, indiferente nos últimos tempos.
antigamente reclamaria do frio, da quantidade de roupas, da chuva, do vento. hoje não estou na posição de reclamar. tanto faz o frio, o calor, o sol ou a chuva. tanto faz se levo um tapa, ou se recebo um conforto. tanto faz.
hoje acordei desistida de tudo. o dia não me encorajou a dar mais um passo, nem mesmo retroceder. apenas ficar parada, estática.
mil coisas se passam na minha cabeça, que poderia fazer. mas não hoje. não agora. não sei quando.
mas um dia essas palavras entaladas na garganta, emboladas na boca, sairão. só espero que não seja tarde demais.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ontem a noite defini minha mudança. Talvez me faça bem, aquela casa me traz muitas lembranças, e não estou conseguindo administrar toda a saudade que sinto dos tempos de alegria daquela sala, daquele quarto, o colchão e os filmes. A cozinha e os almoços de sábado. Quero que tudo o que vivi ali seja uma história bonita, pra eu contar pra alguém quando quiser lembrar de coisas bonitas. Os últimos meses me marcaram demais naquele lugar, onde vivi durante 2 anos com meus amigos. Desses dois, posso colocar alguns momentos especiais e que vão ficar no meu coração.
Prova de que não consigo mais ficar ali é acordar às lágrimas lembrando daquela virada de ano, que fui muito feliz. Sentar no para-peito da janela e pensar no que fazer com a minha vida, afinal, naquele momento ela precisava urgentemente de um rumo pra se consolidar como felicidade. A última festinha foi a deixa de que aquela casa só pode trazer coisas boas. Fiquei feliz por meus amigos que, pelo menos naquela noite, encontraram seu par, se amaram, mesmo que instantaneamente. Fiquei sozinha, mas não era minha função achar alguém, não quero alguém [querovoce].
A Alice foi há uma semana e tá difícil entender que vou viver sem um cão. Vou comprar um pássaro. Sempre admirei os pássaros. Vou comprar um.
Aquela cama, aqueles lençóis que marcam momentos felizes, os mais que já tive. Dormir acompanhada, num dia frio, me fazia bem e me sinto feliz de lembrar daquela sensação de companheirismo, de companhia, de compartilhar a vida.
Mas agora vou indo pra outra, viver com aqueles que nunca me abandonaram, sempre me entenderam e me abraçaram incondicionalmente, com todas as bobagens na vida que fiz, sempre estiveram ali.
Acordei chorando hoje, sim. Com saudades antecipadas daquilo que vivi naquele lugar. Do colchão na sala, dos filmes nos finais da tarde, dos almoços de sábado, dos jogos de tabuleiro, do video-game. Da porta do quarto fechada, numa explosão de sentimentos.
Olhar pra todo o passado e ver que tanta coisa boa aconteceu a tão pouco tempo, me faz ver como fui feliz. E como aproveitei todo aquele momento de felicidade, da maneira mais sincera e bonita possível.
Me entreguei, me humilhei e não me sinto envergonhada. Sinto orgulho por ter conseguido chorar na sua frente, de mostrar minha cara amassada ao acordar, e como minha vida tem problemas.

Espero que o futuro me guarde surpresas boas.

terça-feira, 6 de abril de 2010

help!

não sei bem como foi acontecer, mas descobri que estou doente. não sei se por culpa do coração, da cabeça ou da fome que não tinha, do não comer. não sei de onde isso veio, mas estou doente. talvez por estes seis meses últimos terem sido turbulentos demais, com muitas mudanças repentinas, com muito planos que agora estão esvaindo pelas minhas mãos, como um punhado de areia que se escorre pelos dedos. não sei se foi isso, mas já estava me sentindo doente há um tempo, e agora estou aqui, deitada, imóvel com meus próprios pensamentos, na tentativa inútil de levantar e andar passos curtos, mas que minhas pernas insistem em não me acompanhar, a cabeça entra em devaneios mil, sem a possibilidade de concretizar nada, e nada que faça sentido neste mundo. tenho pensado muito em como fui parar nesse estado: de choro, de solidão, de tristeza; que as vezes de súbito, me pego num sorriso sincero. me vejo no espelho com essa cara cansada, da vida, da faculdade, de tudo. fazendo as coisas de uma forma tão mecânica, sem qualidade, sem produto, sem objetivo. hoje sinto nada, um nada que aperta o coração, comprime a cabeça e me faz não ter fome. parece que pensar em tudo o que aconteceu me alimenta, me sustenta.
ando cambaleando por aí, me escondendo, com medo. sem palavras e sem ações. ontem corri de você, te vi e vi que não queria me olhar. mas sei que me viu, assim como sabes que te vi. num olhar rápido, entendemos que não era o momento de tentar balbuciar palavras, emitir gestos de conforto ou carinho, de compreensão; afinal, tanto eu, como você precisamos disso, e não temos como nos escorar.
é uma fragilidade essa vida. me deixei levar achando que ia suportar todas as dores, todas as responsabilidades, e que toda a coragem se multiplicaria. mas não, me deixei tanto levar, peguei tudo pra mim e tentei resolver da minha maneira, tracei uma reta e fui nela, mergulhei num turbilhão de emoções e agora sinto me afogar no meio de tanta coisa. e não existe ninguém que possa me salvar. e se existe, esse alguém não tem a noção de que pode me tirar desse buraco. espero uma resposta, um sinal de vida, com medo de dar um sinal da morte: da morte dos meus últimos tempos, da despedida desses meses que tanto achei que me fariam crescer e que hoje sou uma formiguinha.
essa chuva, esse frio, essa falta de palavras que intalam na minha garganta, que dão nó na minha língua, que não conseguem expressar tudo que sinto, que só sabe quem vê nos meus olhos que não estou bem: estou doente.
queria ser eu de novo e tenho medo desse eu ser o eu de agora, pra sempre, com medo, sem palavras, gestos, ou sentimentos, um eu que só sabe chorar, que só foge e que só pensa no que foi, no que poderia ter sido e não foi e nem vai ser. a coragem poderia me voltar, aí eu levantaria a cabeça e lutaria de novo. mas hoje, amanhã e depois não terei mais forças pra isso.
meu coração está aos cacos, um caos na minha cabeça me assombra. a falta do que dizer apesar de ter muito o que falar me assusta. não sei como fui ficar assim, mas estou assim, doente.

preciso de ajuda

segunda-feira, 5 de abril de 2010

um sentimento estramente comum, me invade de novo. como se tivesse voltado no tempo, sinto de novo a brisa no coração, um suspiro novo, uma vontade diferente em continuar.
um diferente sem definição, sem característica, um diferente tão diferente que fica difícil de lidar.
a cabeça ainda pesa, como um tempo que passa e volta, passa e volta.
a vontade de retornar ao que era ainda fica, mas a certeza da amargura impede.
como um laço que deveria ter se rompido e não rompeu, espero de uma maneira diferente, de longe, tentando estar presente, mesmo sem estar aí. calma, tentando fazer parte de uma vida que um dia quis, mas que agora quero de outra forma.
e se não conseguir, se não der, se eu não for capaz mesmo de ter merecido, de conquistar, apesar de todo o sangue e suor, sei que tentei. tentei de todas as maneiras te trazer de volta pra vida, pra alegria, pra felicidade, e que a escolha não foi minha em não tentar te fazer mais do que é.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

não tenho nada a dizer: só que estou aqui. esperando você. fazendo o (im)possível pra te conquistar.
to indo viajar. e você vai comigo, no coração.
aproveite os chocolates, eles te animarão um pouco.

estou aqui.
esperando você.
fazendo o (im)possível.

(x vezes)