segunda-feira, 28 de junho de 2010

2191 dias

Se houvesse alguma escolha
Diria que foi a errada.
Se fosse pra algo ser escolhido
Diria que devia ter sido eu, nós
Se fosse pra dar certo
Queria que fosse comigo

Não queria trocas
Nem abertura de mãos

Não queria privilégios
Nem atenção

Queria  a vida tranquila
Que tanto ensaiamos

A festa, os convidados
Que só iam aumentando

Queria os amigos, os parentes
Queria uma família completa
Com crianças, cachorros e brinquedos no quintal

Queria bicicletas, parques, viagens, campings
Queria conversas, desabafos, cumplicidades

Hoje poderia ser o 2191° dia

domingo, 27 de junho de 2010

jogos de futebol

Precisava de um tempo pra pensar. Não sabia quanto nem como ou onde. Mas precisava sair daquele lugar e fazer um balanço da vida. Inesperadamente a menina saiu da festa e foi pra casa. Sabia que não era certo, que deixar as pessoas esperando ou não encontrá-las não era de seu feitio, mas estava corriqueira aquela situação de não querer contato, e era mais comum ainda deixar todos pra trás e não saber o que fazer. Parecia que sua cabeça ia explodir de tanta informação, barulho, conversa, temas, possibilidades e caminhos.
De repente se viu só, e se arrependeu um pouco de deixar tudo pra trás, mas percebeu que era necessário, precisava deixar todos de lado e tornar verdadeiro o desonesto de temido encontro consigo mesma.
Pensou um dia e não foi suficiente, dormiu demais e acordou ainda pensativa. Quando fazia qualquer coisa ainda pensava, não obteve uma resposta clara, rápida, um pouco das coisas se colocaram no lugar, outro pouco ainda orbitavam na dúvida.
Noutro dia pensou ainda mais e conseguiu vislumbrar uma paz que há tempos não tinha sentido. A viagem do amigo, o compromisso das amigas a fez ver que precisa caminhar sozinha, mas acompanhada, com risos, com alegria, com leveza. Aquele laço não poderia ser ais possível, e ele meio frouxo também não dava certo.
Decidiu encarar o dia seguinte com leveza, sem medo, sem comprometimento.
Pegou o telefone e ligou. Será um dia feliz amanhã.

sábado, 26 de junho de 2010

Salve! Salve!
Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha praquele balão multicor
Como no céu vai sumindo
Foi numa noite, igual a esta
Que tu me deste o teu coração
O céu estava, assim em festa
Pois era noite de São João
Havia balões no ar
Xóte, baião no salão
E no terreiro
O teu olhar, que incendiou
Meu coração.
(Olha Pro Céu de Luiz Gonzaga e José Fernandes)

terça-feira, 22 de junho de 2010

a menina dança

Quando eu cheguei tudo, tudo

Tudo estava virado
Apenas viro me viro
Mas eu mesma viro os olhinhos

Só entro no jogo porque
Estou mesmo depois
Depois de esgotar
O tempo regulamentar

De um lado o olho desaforo
Que diz meu nariz arrebitado
E não levo para casa, mas se você vem perto eu vou lá
Eu vou lá!


No canto do cisco
No canto do olho
A menina dança


E dentro da menina
A menina dança
E se você fecha o olho
A menina ainda dança
Dentro da menina
Ainda dança

Até o sol raiar
Até dentro de você nascer
Nascer o que há!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

F.P.

Dorme enquanto eu velo…
Deixa-me sonhar…
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.

A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.

Dorme, dorme, dorme,
Vaga em teu sorrir…
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

-1

Não é que ela tinha medo, mas naquele momento, durantes semanas, estava com um medo que não lhe chegava há tempos.
Aquele frio na barriga, as mãos suando, o vento na rua, nada disso lhe tinha acontecido uma vez se quer. Parecia que toda sua experiência, durante anos, haviam desaparecido naqueles dias. Como se tudo o que tinha vivido, desaparecesse aos pouco, chegando num estágio de não saber. Recomeçar do menos um.
É que aquela sensação esquisita, de insegurança, desespero, aquela vontade de fugir, de ficar no seu cantinho, quietinha 'não me toque, não mexa comigo, estou bem assim' estava ameaçada. Um ser, um invasor, chegou e não conseguia mais raciocinar, calcular seus passos com antes. Como se antes fosse mais racional e menos emocional, e não queria perder aquilo, não podia. Perder a razão seria de novo sucumbir ao mesmo erro passado, e se o passado serve pra alguma coisa é pra aprender a não cometer os mesmos erros. E pois bem, está tentando todos dias pensar mais que agir, falar de menos, sentir o necessário. Sem pré conceitos e sem abrir o peito demais. Dar uma pouquinho da corda e puxar um pouquinho por vez pra não arrebentar sem avisos, sem uma corda de segurança lateral.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Um dia disseram que ela jamais deveria sofrer do coração. De amor. De coração partido.
Falavam e repetiam incessantemente que era bonita demais para sofrer por qualquer coisa, o amor partido, o amor demasiado e o pouco amor. Que tudo era na medida, ora demais ora demenos, mas na medida do que poderia ser oferecido. Falavam ainda que era simpática demais pra ficar sozinha tanto tempo, e que logo, logo arrumaria alguém para repartir a vida, demais ou demenos, a repartiria com alguém. E por último elogiavam a sua inteligência, diziam que era culta o suficiente e que alguém enfim se interessaria pelos filmes, teatro e música que ela gostava.
Mas todos os dias acordava e não sabia o porque de tantas características boas ressaltadas, se elas não eram capazes de trazer o tal do amor pra ela. Nem sequer algo interessante pra matar as saudades das graciosidades que só um casal tem.
Enfim, achava que o problema era dela, que ela não procurava direito o que poderia ser algo novo. E ia além, o problema é que não sabia se queria um amor na vida, nem como lidar com um sentimento, que diziam ser tão avassalador. Tinha o medo juvenil de morrer no meio de tanto gostar.Juvenil era ela que não tinha experiência pra saber o que poderia aguardar, e com esse medo do inesperado, era melhor não arriscar. Ou poderia arriscar e se desse errado teria a certeza de que não tentaria de novo, pois sempre dá errado.

domingo, 13 de junho de 2010

Ontem minha mãe me lembrou que era dia dos namorados. Esqueci mesmo, tenho andado tão ocupada, cheia de coisas pra fazer que esqueci o 12 de junho. Me perguntou como eu estava depois de passar 5 anos namorando e o primeiro dia dos namorados desde os 17 sem ninguém. Disse que estava bem, tanto que havia me esquecido da data. Surpreendentemente não fiquei triste depois da pergunta, nem parei pra pensar no que aquilo significava. Só passou pela minha cabeça o quanto é bonito comemorar todos os dias o companheirismo e a  fidelidade de uma pessoa querida. Achei bonito casais nas ruas com flores, em restaurantes e bares curtindo a noite, o dia. Não fiquei com raiva por estar sozinha, nem culpei ninguém por isso. Nem a mim mesma.
Que sejam todos felizes com seus amores ou mesmo sem eles.

terça-feira, 8 de junho de 2010

par

É quando você tem a certeza que perdeu o amor da sua vida. O vê atravessar a rua e nada mais pode fazer a não ser dar um oi, perguntar se está tudo bem e ouvir um sim tímido, seco e com um quê de incompleto. É quando o café, o suco marcam o tempo do reencontro e logo tem-se que voltar à rotina diária do trabalho. O tempo das bebidas não consegue contar os tempo que passou, não consegue dimensionar a certeza do que se foi. Não consegue curar, voltar e fazer as coisas diferentes. O líquido da xícara, do copo ornamental com suco vermelho, não são capazes de decifrar muita coisa, a não ser o gosto que continua o mesmo: do café bem adoçado e do suco sempre vermelho, saudável.
É quando você tem ceretza que perdeu o amor da sua vida. Que não há conversa, não existe argumento pra que as coisas se virem, mudem de novo. Há um carinho especial, que fica no ar, mas não há disposição de ninguém para ultrapassar esta barreira. Não pode ser ultrapassada porque não é ultrapassável. O sentimento passou; veio, se concretizou em muito tempo, em muitos planos, em muitas realizações, em tantas e tantas coisas pra fazer no futuro. E passou. E foi que não concretizamos nada, não fizemos nada além de sonhar, de viver, de conviver.
E aqui estamos, vendo nosso amor passear na rua solitário, como se procurasse alguém pra se aconchegar, ser o par. As vezes a gente se encontra, e é aí que damos conta que não somos um par, uma dupla, nem feitos um para o outro. Que não existe nada a transpor, porque isso já foi feito no passado, e reviver seria morrer de novo.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Festa Junina

Revi as fotos das duas festas juninas que fizemos na faculdade. me bateu uma saudade... eu nunca deixei de participar de uma festa junina se quer, desde a minha infância no jardim, quando eu era a noivinha da quadrilha. de lá até hoje eu sempre dancei. quando chegava perto dos ensaios da escola sempre convenci o amigo mais próximo, e amigo é aquele que faz qualquer sacrífio por você, a dançar comigo. mesmo careta, mesmo com vergonha, mesmo pagando mico, sempre dancei acompanhada de quem mais gostava. quando mudei de escola, e todos se conheciam menos eu, que não tinha amizade com as pessoas da sala, apenas com um menino, ele disse que jamais dançaria a quadrilha. eu perdi dois ensaios até convencê-lo que seria legal dançar. iríamos fantasiados, eu de pijama e ele de bêbado. eu de tranças, pantufas e ele de camisa e com uma garrafa na mão. tínhamos 16 anos e foi a noite mais divertida daquele ano. um mes depois nos despedimos, eu mudei de escola e ele também. tenho saudades daquela noite, quando ríamos descontroladamente da multidão, já que a escola era enorme, correndo pra formar o túnel, cavalgando aos saltos. foi um dos meus melhores amigos. sinto saudades de pessoas que fazem outras felizes. pra mim era muito legal dançar e ele venceu qualquer coisa pra me ver sorrir num ano que estava sendo bem difícil.
depois disso lembro que comecei a organizar as festas juninas na nova escola. fiquei no caixa como sempre...e saí pra dançar sim! meus amigos de organização de festas sempre fizeram questão que eu abandonasse meu posto por dez minutos e fosse me divertir um pouco, por mais que eu sempre dissesse que ficar no caixa era muito divertido.
lembrei disso porque este ano não vai ter festa junina na faculdade. lembrei disso porque vi as fotos das duas festas anteriores das quais eu e uns amigos nos desdobramos em vinte pra fazer uma festa com 500 e 600 pessoas de público. lembrei disso porque hoje, ninguém poderia me cobrar por dançar a quadrilha, por me divertir, por ficar no caixa da festa, por ir dormir as nove da manhã, virar a noite rindo e me distraindo. dessa vez não vai ter são joão pra fazer o casamento, não vai ter o túnel, o caracol nem a grande roda pra gente se enrolar, não vai ter a narração do colega que tanto nos embola no meio daquela gente toda.