domingo, 30 de maio de 2010

Para ver as meninas

Silêncio por favor
Enquanto esqueço um pouco
a dor no peito
Não diga nada
sobre meus defeitos
Eu não me lembro mais
quem me deixou assim
Hoje eu quero apenas
Uma pausa de mil compassos
Para ver as meninas
E nada mais nos braços
Só este amor
assim descontraído
Quem sabe de tudo não fale
Quem não sabe nada se cale
Se for preciso eu repito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito
Porque hoje eu vou fazer
Ao meu jeito eu vou fazer
Um samba sobre o infinito

Paulinho da Viola

terça-feira, 25 de maio de 2010

Uma Louca Tempestade

Eu quero uma lua plena
Eu quero sentir a noite
Eu quero olhar as luzes
Que teus olhos
Não me têm deixado ver
Agora eu vou viver...
Eu quero sair de manhã
Eu quero seguir a estrela
Eu quero sentir o vento pela pele
Um pensamento me fará
Uma louca tempestade...
Eu quero ser uma tarde gris
Quero que a chuva corra sobre o rio
O rio que por ruas corre em mim
As águas que me querem levar tão longe
Tão longe que me façam esquecer
De ti...
Eu quero partir de manhã
Eu quero seguir a estrela
Eu quero sentir o vento pela pele
Um pensamento me fará
Uma louca tempestade...

domingo, 23 de maio de 2010

Bad

Parabéns pra você que consegue ser feliz. Que consegue passar por cima do seu passado, ignorar seus problemas não resolvidos, ignorar as pessoas que te mostram as dificuldades e ir em frente.
Que bom que você consegue recomeçar mesmo errando, que bom que consegue começar algo sabendo que não vai dar certo e que daqui poucos meses as promessas cairão por água a baixo, como areia entre seus dedos.
Ainda bem que você consegue tentar de novo e de novo e de novo, sem medo de fazer os outros infelizes daqui a pouco tempo.
Com uma irresponsabilidade e uma imaturidade completamente nova e já testada você reinicia o fim de novo. E sem medo de dizer que está feliz, sem medo de prometer uma nova vida, começa tudo de novo.
Sem medo e sem se importar com nada, nem com a mentira contada, nem com a falsidade dos meses que se passaram.
Porque você não para com isso? Porque não vem com um manual de instruções escrito: Perigo! não passe muito tempo comigo, não se envolva comigo, porque eu fujo.
Não, você vai insistir em fazer tudo errado de novo. E machucar outra pessoa de novo.
Não fico feliz com isso. Tenho raiva de ter feito tanto e não ter feito nada.
Raiva.
Raiva de ser idiota, a imbecil, a de se envolver e chorar, e checar as coisas sempre, ver seu perfil todo dia. Perguntar por você sempre.
Tenho muita raiva de mim.

sábado, 22 de maio de 2010

VirtualidadeXRealidade

Não sei lidar com a tecnologia. Depois de tanto tempo sem viver pra dar satisfação por este meio eletrônico, hoje não aguento mais. Não sei porque, mas acho uma bobagem essa vida virtual, ou se porque não vejo graça em nada disso. Na verdade acho que me enjoei com as pessoas postando e despostando as coisas, bloqueando e desbloqueando pessoas, apagando e desapangando descrições, e quando encontro com elas na vida real, fica difícil de imaginar que é as duas pessoas. Óbvio que isso vem de uns tempos que venho pensando em como não acho mais graça postar meus minutos no twitter ou escrever meus textos bisonhos e sem sentido por aqui. E também pelas pessoas, para além da sua vida virtual-perfeita, conseguem enganar outras mesmo convivendo diariamente com você. O pior que a virtualidade passa a pautar os seus relacionamentos diários, ou não pautam. As pessoas aparecem, somem, falam e desfalam de acordo com o que leem do ser por aqui. Acho que tô de saco cheio de algumas coisas, e mantenho minhas redes sociais na internet só pra ter a ceretza que posso falar com alguém a qualquer momento do meu dia, a não ser aquelas que infantilmente, covardemente bloqueiam, expulsam até mesmo de uma vida virtual que é...vir-tu-al! E por ser virtual tem-se duas escolhas: ser os mesmo do cotidiano ou inventar um que agrade ou desagrade quem você quiser. Que paute suas conversas e suas impressões. A virtualidade nos abre portas inimagináveis, as vezes assustadoras, por não saber até que ponto ali está sendo verdade ou uma invenção da sua ou da minha cabeça.
É que estou com raiva de ter que ficar na frente desse micro todos os dias durante tres horas pra conferir caixas de email, orkut, twitter, blogs, meus e de outras pessoas, pra saber como elas estão, e depois saber ou imaginar ou ainda duvidar se que aquilo é ela mesma, se aquilo que está ali é verdade, é sincero. E ainda pensar que as pessoas te julgam por aquilo que nem sabem o que é de fato. Afinal, além de mim, deve haver um milhão de pessoas que tenham a mesma dúvida.

Ou talvez seja essa a função da virtualidade, não saber da realidade, colocar em dúvida o que é real.

J & M

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?


Chico. Sempre.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Saudade

É que sentir saudade não é ruim, não é penoso, não faz ser triste ou infeliz. Não deixa-se de ser. Se é por inteiro. Sentir saudade é ter a certeza de que se viveu. E que se vive. Tão intensamente que se confunde com o passado, com o que poderia ter sido e não foi. É sentir que no meio da dureza, no meio do sólido existe o impalpável, inexplicável. Perceber o que não é visto, não se pode pegar, por numa sacola, levar consigo. É estar em toda parte. É ser em tudo. Em todos os estados. Saudade é aquilo que não dói, que faz um semblante sem bem saber como. Não é maldade, nem um mal querer. É tal que não se escolhe e nem é escolhido. Está ali, em qualquer lugar. É a metária impalpável do humano, é o sem gosto, sem cheiro, o que passa e fica. Fica. Não desprende de nada. Não dá pra largar e deixar. Está em tudo. É tudo. É a fuga, e o refúgio nas horas de aflição, ora a própria aflição. Não importa. Se volto é por saber que aqui há saudade. Da coisa boa. Sem querer voltar. Não há volta, se é a todo momento, em todo lugar. Não há partida, se está em tudo, em todos. Não é ruim ou boa. O refúgio não tem adjetivo. É por si só o todo, o tudo. Está em tudo, não tem tempo, não é pelo tempo que se marca. É pelo espaço que se tem a certeza de que está ali, vivo, sentido, sentindo. E o espaço, mesmo vazio, está em todo lugar, e o lugar está em tudo, é seu. Sem forma, sem sentir, está ali, fazendo companhia, fazendo sentir o vivo e que continuará vivo. A saudade jamais vai se afastar, não pode. Sem isso não se sente, não se vive. E a morte é a sentença de que não se viveu. O fim da saudade é a certeza que não se vive. E seria terrível. Morte é não estar, estando. Saudade é a certeza da vida, do viver.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

bloco do eu sozinho

e era aquela nova sensação de ter que fazer de novo tudo sozinha. ter que tomar todas as decisões, (re)fazer o caminho, traçar uma nova direção, tentar seu objetivo. aquele sol, tímido me fez lembrar do frio que passei algumas noites atrás. aquele vento me fez pensar em como queria que levasse meus pensamentos junto. foi no caminho que chorei, derramei lágrimas por estar fazendo aquele trajeto de novo. e por não ter onde apoiar. era a corda bamba, a sorte estava lançada. pra sempre. ali percebi o quanto sentia falta de algumas coisas, de algumas partes do meu corpo. como fazia falta um coração. o meu. não dá mais pra sentir nada. naquele vento frio, naquela madrugada gelada, aquela música, aquela alegria. era aquilo mesmo. mesmo sem algumas partes de mim, passei a sentir outras mais palpáveis. os braços, as pernas, os joelhos, o pescoço e a cabeça doer. um sinal de que é isso que sou. o corpo, a carcaça, que não tem mais onde se esconder. nem tem porque se esconder. não preciso mais fingir, não-ser o ser. sou eu ali. com frio, com dor e sentindo tudo. não procurei nada, não precisei de nada. tinha água, ar em movimento. o necessário.

hoje já não peço nada.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

another sunny day

hoje me despedi de você.
achei que seria mais difícil, só que foi mais fácil que imaginava. e me assustei.
assustei em saber que estava pra trás, em perceber que já estava me tornando seu passado. sou seu passado. sou o que passou. rápido como um cometa. e você chegou atrasado pra vê-lo inteiro e viu só seu final. que pra mim era triste e pra você parecia ser bom.
foi bem fácil, já que você só existia virtualmente. que só a minha memória te preservava como te vi pela primeira vez. você não é você. ou é. e se não for não me interessa mais. e na real nunca deveria ter me interessado. assim como você não se importou, eu é que não me importo mais.

e, na próxima, não fale nada, continue mudo. que é assim que eu gosto de você. mudo, na minha cabeça. sumido do meu coração.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Choveu inesperadamente. Por uma rua estávamos separados. Por cinco minutos não nos viamos. Por alguns passos não conversamos durante tempos.
E como num gesto de alegria e satisfação caiu uma garoa, fina. Durante aqueles rápidos 20 minutos. Um intervalo pro sol, pro vento, pra chuva cair.
O mesmo suco, o diferente café.
O sorriso, a vontade louca de contar e o nervosismo de perder as palavras.
O tempo que passou.
Os minutos que foram curtos.

Este post não tem título, não dá pra te rotular, te dar apenas um título.
Você é a síntese de tudo, até mesmo da antítese.
Você converge em si o sorriso, a cumplicidade, o afago, o amigo. Tem contigo as lembranças, os olhares, o jeito, as palavras.
É em você que encontro a liberdade de ser, falar, sentir, olhar, rir e chorar.

Obrigada por fazer chover. E que a chuva não viesse carregada de tristeza.

Mas só depois que a saudade se afastar de mim

Mestre.

sábado, 8 de maio de 2010

Queria esquecer que te conheço, que te vi um dia, que te admirei e que disse que não errava.
Queria esquecer que te vi durante tanto tempo e achei que poderia me ajudar, queria esquecer que um dia pedi não sumisse e que pedi ainda que fossemos ao cinema, sem compromisso.
Queria esquecer que um dia te encontrei, que prometi dar uma chance para ser feliz.
Queria esquecer que um dia pensei que seria feliz, queria que você não tivesse entrado na minha vida. Queria cumprir meu plano de solteira. Queria ser mais decidida e ficar sozinha.
Queria não chorar todos os dias sua falta, suas lembranças, minha dor em te ver tão longe, a raiva da solidão, da tristeza, da distância e do silêncio.
Queria passar um dia sem pensar em você, sem procurar por você, sem comentar de você pros outros.
Queria todo dia não correr checar emails, esperando um sinal.
Queria que o tempo passasse e levasse com ele todas as lembranças desses últimos seis meses que tem me custado a vida para acordar.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Quero

O que mais quero hoje
É que essa dor passe.
Licença
Vou chorar um pouco.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pensar

Amo geografia. É minha vida.

Amo a literatura: Jorge Amado, Clarice Lispector, José Lins do Rego, Garaciliano Ramos, Érico Veríssimo, Raquel de Queiroz.
Outro curso daqui quatro anos?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

E que tudo o mais, vá pro inferno!

Ontem fui à exposição do Roberto Carlos [que entre amigos se tornou Robert Charles!].
Confesso que há um tempo atrás não gostava de ouvir suas músicas. Nem ninguém aqui em casa, a não ser minha mãe, que dá pra contar nos dedos quantos vinis da coleção ela não tem. Não gostava porque gosto de Beatles, Bossa Nova, Tropicália, MPB. E aqui em casa, manteve-se a tradição de não poder gostar das duas coisas, desde pequenos, mesmo sem enterdermos bem o porquê.
Ontem, na exposição, entendi. A Tropicália sempre prezou pela raiz, pela nacionalidade brasileira, pelo resgate do que nos é peculiar, pela cuíca, o violão e a voz do interior. A Bossa Nova, resgatava de maneira peculiar o romance mansinho que vinha dentro dos jovens, o romantismo platônico, romântico.
Na Tropicália tinha um viés de contestação, um viés político que fazia alguns se aproximarem. O exaltar da nação por aquilo que é nosso e nos é peculiar. O seja você mesmo que no final mais me parece o seja o Caetano, seja a Gal, seja o Gil. Uma coisa meio particular, seja você, nesse país que cada um é cada um. Você e sua expressão, você e sua forma de viver, você e sua liberdade, que mais me parece a liberdade que a Tropicália propõe, portanto uma liberdade limitada, nos moldes de Caetano, Gil e Gal.
Não sei, cheguei à essas palavras depois de ver a exposição e conversar com um amigo.
Na exposição, não posso dizer que não me emocionei. É impressionante a vida artística de Robert. Milhares de discos, milhares de shows, milhares de canções, milhares de prêmios, traduções, top em diversos países, algumas vezes desbancando até os Beatles.
Seus filmes, suas músicas, seu modo de vestir, que refletiu a tendência de uma época, a Jovem Guarda, foi censurada pela mídia.
O que a Jovem Guarda queria com Wanderléia, Erasmo e Robert era mostrar as guitarras elétricas, os saxofones, os teclados e pianos. Era mostrar que de fora vinha coisa que podia se transformar em Brasil, que podia refletir um Brasil. E que era o Brasil para muitos jovens. Cantar o romantismo eletricamente, as desilusões daquela maneira, era mostrar uma cara da juventude brasileira.
Tiveram músicas censuradas, letras modificadas e foram perseguidos pela ditadura.
O que me parece é que não se fala do viés político da Jovem Guarda, mas não acredito que uma expressão tão significante no Brasil não tenha uma proposta política. Infelizmente não achei a resposta para isso na exposição.
Acontece que eu gosto do Robert. Gosto de algumas de suas músicas, gosto do que ele junto com a Jovem Guarda expressou naquela época e o respingo que temos ainda hoje de suas músicas.Continuo gostando de Beatles, pra mim a melhor banda de todos os tempos. Continuo ouvindo com atenção e emoção Chico, Caetano, Gal, Gil, Bethânia e todos que se mostraram com intenção de dar uma cara musical pro Brasil, expo-lo ao mundo artísticamente.