Ontem o dia começou tarde, por volta das 21h.
Caminhar parecia uma tarefa árdua e o chão não parecia ser deixado pra trás. Meus passos ficavam curtos, mas cheguei rápido até você.
Quando te vi, o vento e a escuridão, o frio da noite passavam por você como se não estivesse ali. Não era aquele que eu conhecia. Conheci uma pessoa forte, inteira. Era a carapaça. Como a minha, que durante muitos anos tive.
[Sim, sim, também fui um caramujo um dia. Também tive uma casinha pra me encolher quando o tempo fechava. Um dia percebi que o tempo não ia mudar tão rápido, e eu precisava respirar, saí e vi um outro mundo.] Te conheci.
A unica coisa que aparecia no seu rosto eram suas lágrimas. E isso me dizia que nada estava bem, e que você havia saído do seu casulo.
E eu te ouvi desistindo, da vida, da felicidade. Não ouvi os argumentos, e a lógica não existia. Apenas desistir. Deixar de ser feliz, deliberada e gratuitamente.
E quem sou eu pra forçar alguma coisa. Falei apenas a verdade. E era a verdade pra você também.
Fechei os olhos e estendi minha mão. Não somente num gesto de carinho, compaixão. Num gesto de amizade, mas principalmente de amor.
Dá vontade de te pegar, dobrar e por na minha mochila, no lugar da garrafa d'água.
E te peguei, dobrei e coloquei no cantinho macio e quentinho do meu coração.
3/5
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