segunda-feira, 19 de abril de 2010

Num feriado de sol, como tantos outros, a garota se pôs a fazer o que de melhor lhe era inerente. Levantou cedo, arrumou as malas e foi, junto dos outros, fazer a diferença pro mundo. Com muita tática e paciência, colocou, durante todos os momentos possíveis, daqueles dias intermináveis de sol pela manhã e chuva torrencial pela noite, seus anseios em mudar o rumo do mundo. Bateu, xingou, formulou e saiu aos prantos. Gritou ferozmente contra aqueles que queriam destruir o que de melhor tinha acontecido nos últimos três anos de sua vida acadêmica, politica.


Amigos ali, haviam muitos, e todos eles com uma habilidade que jamais poderia imaginar, pessoas que muitas das vezes se mostram mais sérias, abraçaram-na, de maneira carinhosa, singela, comprometida, sincera. Um conforto do abraço amigo que há muito não sentia, um toque das mãos em suas costas que lhe davam um abrigo e lhe protegiam daquele mundo inventado tão cruel, que massacra os mais comprometidos com a possibilidade de mudança.

No meio de tudo aquilo a lembrança trouxe a tona o porque de tanto esbravejar. Lembrou do amigo, que mesmo em meio a tantas dúvidas, se orgulhava de seu papel naquela conjuntura, a achava corajosa, de caráter, com fibra, comprometida. Se lembrou o quanto estava feliz por este novo rumo que ela havia tomado, se lembrou do dia em que a mensagem dizia que estava contente por tanto animo numa pessoa só e que tudo daria certo finalmente. Se lembrou da distância, e como no meio de todos aqueles, ele fazia falta, como faltavam as suas palavras, seus conselhos e suas ponderações. Como faltavam o colo, o ombro, o lenço pra secar as lágrimas e a vontade de seguir em frente, só de ver aqueles olhos de quem acredita naquilo que faz.

Naquele momento tudo fazia falta. Para a garota, toda a falta estava concentrada numa pessoa distante, mas perto do coração, perto do raciocínio lógico, da razão. E isso a fez seguir em frente, a fez continuar a fazer o que melhor havia pra'quele momento, continuar e tentar mudar o pouco do mundo que conhecemos.

Sentou, chamou seu nome, chorou, dormiu.

No dia seguinte, que também começara cedo, com o sol a nascer e depois de uma noite mal dormida, apenas quatro horas num colchonete invisível, depois de uma longa conversa com aqueles que estavam na mesma direção que ela, levantou e foi para o embate. Com medo, acuada, nada soube dizer, apenas a lembrança na cabeça daquele que a fazia continuar naquela batalha.

Ao fim do dia, com uma tempestade, tudo terminou bem. Seu objetivo não fora alcançado, mas a manutenção daquilo que a fazia continuar a fez sorrir. Lembrou novamente do amigo distante, no caminho pra casa. Arrumando as malas, sorria um sorriso tímido, envergonhado, pra que ninguém percebesse sua alegria contida em não poder esbravejar para o mundo sua vitória e que era dedicada ao amigo, exclusivamente.

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