segunda-feira, 17 de maio de 2010

bloco do eu sozinho

e era aquela nova sensação de ter que fazer de novo tudo sozinha. ter que tomar todas as decisões, (re)fazer o caminho, traçar uma nova direção, tentar seu objetivo. aquele sol, tímido me fez lembrar do frio que passei algumas noites atrás. aquele vento me fez pensar em como queria que levasse meus pensamentos junto. foi no caminho que chorei, derramei lágrimas por estar fazendo aquele trajeto de novo. e por não ter onde apoiar. era a corda bamba, a sorte estava lançada. pra sempre. ali percebi o quanto sentia falta de algumas coisas, de algumas partes do meu corpo. como fazia falta um coração. o meu. não dá mais pra sentir nada. naquele vento frio, naquela madrugada gelada, aquela música, aquela alegria. era aquilo mesmo. mesmo sem algumas partes de mim, passei a sentir outras mais palpáveis. os braços, as pernas, os joelhos, o pescoço e a cabeça doer. um sinal de que é isso que sou. o corpo, a carcaça, que não tem mais onde se esconder. nem tem porque se esconder. não preciso mais fingir, não-ser o ser. sou eu ali. com frio, com dor e sentindo tudo. não procurei nada, não precisei de nada. tinha água, ar em movimento. o necessário.

hoje já não peço nada.

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