segunda-feira, 3 de maio de 2010

E que tudo o mais, vá pro inferno!

Ontem fui à exposição do Roberto Carlos [que entre amigos se tornou Robert Charles!].
Confesso que há um tempo atrás não gostava de ouvir suas músicas. Nem ninguém aqui em casa, a não ser minha mãe, que dá pra contar nos dedos quantos vinis da coleção ela não tem. Não gostava porque gosto de Beatles, Bossa Nova, Tropicália, MPB. E aqui em casa, manteve-se a tradição de não poder gostar das duas coisas, desde pequenos, mesmo sem enterdermos bem o porquê.
Ontem, na exposição, entendi. A Tropicália sempre prezou pela raiz, pela nacionalidade brasileira, pelo resgate do que nos é peculiar, pela cuíca, o violão e a voz do interior. A Bossa Nova, resgatava de maneira peculiar o romance mansinho que vinha dentro dos jovens, o romantismo platônico, romântico.
Na Tropicália tinha um viés de contestação, um viés político que fazia alguns se aproximarem. O exaltar da nação por aquilo que é nosso e nos é peculiar. O seja você mesmo que no final mais me parece o seja o Caetano, seja a Gal, seja o Gil. Uma coisa meio particular, seja você, nesse país que cada um é cada um. Você e sua expressão, você e sua forma de viver, você e sua liberdade, que mais me parece a liberdade que a Tropicália propõe, portanto uma liberdade limitada, nos moldes de Caetano, Gil e Gal.
Não sei, cheguei à essas palavras depois de ver a exposição e conversar com um amigo.
Na exposição, não posso dizer que não me emocionei. É impressionante a vida artística de Robert. Milhares de discos, milhares de shows, milhares de canções, milhares de prêmios, traduções, top em diversos países, algumas vezes desbancando até os Beatles.
Seus filmes, suas músicas, seu modo de vestir, que refletiu a tendência de uma época, a Jovem Guarda, foi censurada pela mídia.
O que a Jovem Guarda queria com Wanderléia, Erasmo e Robert era mostrar as guitarras elétricas, os saxofones, os teclados e pianos. Era mostrar que de fora vinha coisa que podia se transformar em Brasil, que podia refletir um Brasil. E que era o Brasil para muitos jovens. Cantar o romantismo eletricamente, as desilusões daquela maneira, era mostrar uma cara da juventude brasileira.
Tiveram músicas censuradas, letras modificadas e foram perseguidos pela ditadura.
O que me parece é que não se fala do viés político da Jovem Guarda, mas não acredito que uma expressão tão significante no Brasil não tenha uma proposta política. Infelizmente não achei a resposta para isso na exposição.
Acontece que eu gosto do Robert. Gosto de algumas de suas músicas, gosto do que ele junto com a Jovem Guarda expressou naquela época e o respingo que temos ainda hoje de suas músicas.Continuo gostando de Beatles, pra mim a melhor banda de todos os tempos. Continuo ouvindo com atenção e emoção Chico, Caetano, Gal, Gil, Bethânia e todos que se mostraram com intenção de dar uma cara musical pro Brasil, expo-lo ao mundo artísticamente.

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