Um dia disseram que ela jamais deveria sofrer do coração. De amor. De coração partido.
Falavam e repetiam incessantemente que era bonita demais para sofrer por qualquer coisa, o amor partido, o amor demasiado e o pouco amor. Que tudo era na medida, ora demais ora demenos, mas na medida do que poderia ser oferecido. Falavam ainda que era simpática demais pra ficar sozinha tanto tempo, e que logo, logo arrumaria alguém para repartir a vida, demais ou demenos, a repartiria com alguém. E por último elogiavam a sua inteligência, diziam que era culta o suficiente e que alguém enfim se interessaria pelos filmes, teatro e música que ela gostava.
Mas todos os dias acordava e não sabia o porque de tantas características boas ressaltadas, se elas não eram capazes de trazer o tal do amor pra ela. Nem sequer algo interessante pra matar as saudades das graciosidades que só um casal tem.
Enfim, achava que o problema era dela, que ela não procurava direito o que poderia ser algo novo. E ia além, o problema é que não sabia se queria um amor na vida, nem como lidar com um sentimento, que diziam ser tão avassalador. Tinha o medo juvenil de morrer no meio de tanto gostar.Juvenil era ela que não tinha experiência pra saber o que poderia aguardar, e com esse medo do inesperado, era melhor não arriscar. Ou poderia arriscar e se desse errado teria a certeza de que não tentaria de novo, pois sempre dá errado.
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