terça-feira, 8 de março de 2011

fora do comum

Como você, gostaria de saber tirar fotos, ter uma máquina bacana, saber apreciar as boas fotografias e identificar as belas imagens.
Gostaria de apreciar as boas músicas, saber os nomes dos cantores, dos autores, dos instrumentos musicais, do ano, local e tipo de gravação.
Queria entender melhor de política, sociologia, letras, escritores, autores, épocas e história. Queria tirar de letra toda a conjuntura mundial, as guerras, os conflitos e os desastres mundo afora.
Como você gostaria de ser desenvolta e explicar todas as coisas que acontecem no mundo, toda desordem, toda a tristeza e toda a melancolia, goataria de propor um modelo revolucionário para  mudança da ordem mundial.

Queria muito sentar, tomar uma cerveja e falar todas as coisas loucas, tontas, tolas, bobas e desinteressantes da minha vida, queria rir de todas elas sem a culpa de que fiz ou não, o certo ou o errado.
Seria superiormente interessante poder conversar de igual pra igual, saber cozinhar pros amigos, convidá-los para uma festa, um almoço e um jantar e ter a certeza que eles viriam. Queria entrar num carro e conversar e rir, contar e descontar mentiras da minha vida sem o silêncio que se instala quando boto o cinto de segurança, que segura minha alma, minha voz, meus pensamentos.
Gostaria de ser serena, de ter um sotaque, um jeito de falar peculiar, um gesto característico, um cheiro de lembrança, uma foto, um suspiro, um olhar particularmente meu e como eu, que você sentisse falta e chamasse para conversar.
Queria tanto que todas as barreiras se acabassem e queria tanto que não fosses responsável, como não tem sido, desse esforço em quebrar os muros, as paredes, as divisórias, desse silêncio, dessa falta de ânimo e desse tédio.
Que todo o esforço para que eu fosse uma pessoa fora do normal, fora do quotidiano, fora de todos os ponteiros, de todos os momentos, queria que todo esse esforço não se convertesse mais em mim, para mim.
A anormalidade talvez me faria me melhor, e pra isso, seria só eu soltar as amarras.
No carnaval a gente pensa, pensa, mas nada sai do lugar.
A gente planeja, estuda, chora, ri, dorme e não dorme pensando...

Talvez ser igual a todo mundo é ser fora do normal e ser percebido de alguma maneira.
Talvez não. Quem sabe um dia.

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